Paulistanos estão de olho nos elétricos e quase 80% cogitam ter um

O som dos motores a combustão começa a dar lugar ao silêncio dos carros elétricos nas ruas de São Paulo. O que antes parecia uma tendência distante agora se firma como uma escolha real de consumo.

Segundo o Radar Autos, pesquisa conduzida pelo Data OLX Autos, 77% dos paulistanos pretendem comprar um carro totalmente elétrico, e 70% consideram modelos híbridos.

Mais do que intenção, há prática: um em cada cinco entrevistados já tem um híbrido na garagem, sinal de que a transição energética deixou de ser conversa de futuro para se tornar rotina nas grandes cidades.

A mudança reflete um movimento nacional. O mercado brasileiro de veículos eletrificados vive uma expansão inédita, impulsionada por novas opções nas concessionárias, incentivos à economia de combustível e o desejo crescente por sustentabilidade.

Crescimento em números

De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as vendas de carros 100% elétricos saltaram 219% em 2024. O dado confirma o que já se vê no trânsito: a mobilidade urbana está mudando — e São Paulo acelera na dianteira dessa revolução silenciosa.

Neste ano, o mercado brasileiro de eletrificados segue em ritmo acelerado. No primeiro semestre de 2025, foram vendidos cerca de 86.849 veículos eletrificados leves, representando 8% do total de vendas de veículos leves no país.

O segmento atingiu um recorde histórico em julho, com 7.010 unidades de elétricos a bateria emplacadas.

Fatores que influenciam a escolha

O estudo também destacou os principais motivadores para a escolha de veículos eletrificados. A economia com abastecimento e a redução das emissões de poluentes foram citadas por 61% dos entrevistados.

Além disso, o funcionamento silencioso, os menores custos de manutenção e os incentivos fiscais, como isenção de IPVA, são fatores atrativos para os consumidores.

O futuro da mobilidade elétrica

Embora o avanço dos veículos elétricos seja notável, o país ainda enfrenta desafios importantes para consolidar essa transformação. A infraestrutura de recarga, por exemplo, cresce, mas de forma desigual entre as regiões.

Segundo dados da ABVE, o Brasil ultrapassou a marca de 4 mil pontos públicos de recarga em 2025, um aumento expressivo em relação aos últimos anos, mas ainda insuficiente para atender à demanda crescente das grandes capitais e rodovias.

São Paulo lidera o ranking nacional de eletropostos, concentrando quase 40% do total instalado no país. O governo estadual e a iniciativa privada têm firmado parcerias para ampliar a rede, incluindo novos corredores elétricos em avenidas e estradas estratégicas.

A expectativa é que até 2030, o número de estações de recarga seja cinco vezes maior, permitindo viagens mais longas e reduzindo a dependência de veículos híbridos.

Outro fator que impulsiona a expansão é o barateamento gradual das baterias. De acordo com projeções da BloombergNEF, os custos de produção devem cair mais de 30% até 2027, tornando os modelos elétricos mais acessíveis e competitivos frente aos carros a combustão.

A combinação entre tecnologia, consciência ambiental e incentivos econômicos tem desenhado um novo cenário para o setor automotivo brasileiro. Se hoje o silêncio dos motores elétricos já se destaca nas ruas paulistanas, nos próximos anos ele deve ecoar por todo o país.