Picape a diesel é vergonha alheia? Entenda o que mudou no mercado
Caminhonetes movidas a diesel deixaram de ser as queridinhas do mercado para se tornar um verdadeiro “mico”.
As picapes a diesel foram o sonho de consumo e a opção favorita dos compradores durante décadas no Brasil. Apesar de serem mais caras que as versões movidas a gasolina, não faltavam motoristas dispostos a desembolsar um pouco mais por essa configuração.
Porém, o cenário se transformou nos últimos anos. As caminhonetes a diesel estão deixando de ser as favoritas dos compradores porque, no mercado de usados, sua desvalorização ficou mais acentuada. Como eram as preferidas antes, sua depreciação era menor que a dos modelos a gasolina.
Outro motivo está relacionado ao próprio diesel, combustível mais eficiente que a gasolina, que possuía um preço bastante acessível até o ano de 2022. Isso mudou com a alta nos preços do produto, e abastecer com óleo já não é tão vantajoso quanto era antes.
A diesel ou flex?
Em 2022, o diesel superou o preço da gasolina comum pela primeira vez desde 2004, chegando a custar R$ 7,68 na média nacional, recorde da série histórica da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O quadro foi alterado no ano seguinte, quando os preços começaram a cair, mas o estrago já estava feito.
Tanto no mercado de novos quanto no de usados, os veículos com motor a diesel passaram a despertar menos interesse. De janeiro a maio de 2023, 11,1% dos automóveis e comerciais leves licenciados no Brasil eram movidos a diesel, ante 13,2% no mesmo período do ano anterior. No segmento de usados, a situação não é muito diferente.
Segundo Gustavo Zamariola, vendedor de uma loja multimarcas de Rio Claro (SP), os compradores têm preferido modelos flex. Ele destaca que o problema não é exclusivo das picapes, mas também atinge outros tipos de carroceria.
“SUVs como os Jeep Renegade e Compass a diesel também estão encalhando nas lojas; temos que avaliar bem e, às vezes, até recusar alguns modelos, mesmo em caso de troca”, disse Lucas Cunha, vendedor de uma multimarcas de Londrina (PR).
Apesar do cenário vivido no pós-pandemia, o mercado parece estar se regularizando. Os preços do diesel têm voltado ao normal, assim como a desvalorização dos veículos movidos a combustível. Para se ter uma ideia, uma Hilux SR 2.8 diesel deprecia 7,16% no primeiro ano e 9,65% no segundo ano, enquanto sua versão a gasolina desvaloriza 9,8% e 13,1%, respectivamente.