Por que a passagem aérea é tão cara no Brasil? Combustível é a resposta
País tem um dos combustíveis mais caros do mundo, o que eleva os custos operacionais das companhias.
Quem costuma viajar de avião deve ter percebido que os preços das passagens aéreas aumentaram expressivamente nos últimos anos. O problema reflete uma situação já conhecida pelos brasileiros: o alto preço dos combustíveis.
Na última segunda-feira (11), a Associação Internacional de Companhias Aéreas (IATA) informou que vai solicitar ao governo federal e à Petrobras ajustes no formato da cobrança do combustível de aviação no Brasil. A entidade classifica os preços do querosene de aviação como “excessivamente altos”.
A Petrobras atualmente adota um modelo que prevê o reajuste dos valores a cada início de cada mês. Ele é baseado em fatores como preços globais do petróleo e taxa de câmbio.
“A posição de monopólio da Petrobras e os custos administrativos adicionais cobrados pelo fornecedor resultam em preços de combustível de aviação artificialmente inflacionados”, afirmou Peter Cerda, chefe da IATA nas Américas.
As declarações ainda não foram comentadas pela Petrobras ou pelo Ministério de Minas e Energia.
Companhias aéreas reclamam
As reclamações sobre os preços dos produtos no país têm sido frequentes entre as companhias aéreas nacionais. Em novembro, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, disse que o Brasil tem “o combustível mais caro do mundo”.
O querosene de aviação corresponde a cerca de 40% dos gastos totais de uma empresa aérea brasileira, ao passo que a média global fica em torno de 30%. A IATA citou a discrepância “em um momento de preços excepcionalmente altos em todo o mundo”.
A entidade ainda reclamou sobre a quantidade de impostos existente no Brasil, pontuando que a carga tributária afeta “ainda mais negativamente a competitividade do setor”.
Impacto na inflação
As passagens áreas tiveram o maior impacto individual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador, considerado a inflação geral do país, avançou para 0,28% no mês passado.
O item teve alta de 19,12%, contribuindo com 0,14 ponto porcentual no índice, ou metade do avanço na inflação mensal. O aumento foi o terceiro consecutivo.