Por que caminhoneiros estão fraudando o próprio motor em novo golpe do diesel?
Alterações ilegais modificam o sistema de escapamento do caminhão para contornar normas de emissão de gases.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) tem aprendido cada vez mais caminhões com alterações ilegais relacionadas ao Arla 32, sistema obrigatório de redução de emissões dos gases de escape presente nos caminhões novos desde 2012. Entre os objetivos da mudança está a economia, já que o conjunto tem um custo.
Os motoristas também fazem as modificações para abastecer com diesel mais barato (S 500), além de aumentar a potência e o ronco do veículo. Porém, esse processo é considerado ilegal porque contraria as regras de emissões de poluentes, ultrapassando em até 50 vezes o limite estabelecido.
A fraude nos escapamentos tem sido observada com frequência e está prevista no Artigo 54 da Lei Ambiental 9.605/1998, que enquadra o crime na modalidade culposa. A pena é de detenção de 6 meses até um ano, mais multa e retenção do veículo para regularização.
Descoberta da fraude
Na tentativa de coibir a ação dos caminhoneiros golpistas, a PRF conduz abordagens diárias e realiza testes nos veículos, explica o agente Tércio Baggio, lotado em Campo Grande (MS). A averiguação é feita a partir de testes de qualidade para o Arla e o diesel abastecido, além de outras análises no caminhão.
A autoridade também utiliza um scanner de diagnóstico dos módulos do caminhão, o mesmo presente em oficinas mecânicas.
“Cada modelo de caminhão aceita modificações diferentes, por isso, é necessário averiguar tudo. É uma tarefa trabalhosa, mas vamos atrás de sinais.Há casos nos quais a modificação é mais grosseira, enquanto em outros, não. Se as alterações danificaram o sistema Arla, chega a custar mais de R$ 15 mil para arrumar. E as despesas ficam ainda maiores com a apreensão do veículo. Temos casos de caminhões que há seis meses ainda não foram liberados pela Justiça, e o custo apenas com pátio já passou dos R$ 20 mil”, explica Baggio.
Ainda segundo ele, a maioria dos veículos modificados pertence a transportadoras de menor porte, mas também existem caminhões irregulares de pessoas físicas. Em 2023, cerca de 3.800 veículos a diesel autuados por emissão de “fumaça preta”, mostram dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).