Por que carros com danos leves estão sendo considerados perda total?
Entenda por que cada vez mais seguradoras classificam veículos como perda total, mesmo após acidentes considerados leves.
Nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum motoristas se surpreenderem ao ver seus veículos classificados como perda total após acidentes aparentemente leves. Este fenômeno tem gerado questionamentos sobre os critérios adotados pelas seguradoras.
A decisão de considerar um veículo como perda total, mesmo que ele ainda esteja em condições de rodar, está diretamente ligada aos custos elevados de reparo e à complexidade tecnológica dos carros modernos. Componentes eletrônicos e sensores demandam mão de obra especializada, elevando assim os custos de conserto.
Por regra geral, seguradoras classificam um carro como perda total quando o valor do reparo atinge ou ultrapassa 70% de seu preço de mercado. Esse percentual varia conforme as políticas de cada empresa e é utilizado para determinar a viabilidade econômica do conserto.
Custo de reparo e tecnologia como fatores decisivos
Em tese, a classificação de perda total está alinhada à Resolução nº 810/2020 do Contran. Ela estabelece critérios para a avaliação de danos em acidentes, considerando tanto o custo quanto a complexidade do reparo.
A Susep, órgão regulador, estabelece que cada seguradora pode definir seus próprios critérios contratuais para indenização integral. Dependendo da seguradora, a perda total é considerada quando o custo do conserto ultrapassa 75% do valor do veículo, conforme a Tabela Fipe. Ou seja, pode variar.
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Importância da segurança e variabilidade das apólices
Especialistas do setor enfatizam que a segurança pós-reparo é crucial. As seguradoras avaliam não apenas o custo, mas também a segurança do veículo após a intervenção, visando minimizar riscos adicionais.
O critério adotado pode variar entre as seguradoras e depende das apólices contratadas. Há casos em que um carro é reparável após indenização como perda total, desde que a colisão não comprometa componentes essenciais, como o motor.
Impacto em veículos de luxo e elétricos
Modelos premium e elétricos são ainda mais suscetíveis à perda total devido ao alto custo das peças de reposição. No caso dos elétricos, danos nas baterias, geralmente localizadas no assoalho, podem tornar o reparo economicamente inviável.
Com o aumento de veículos classificados como perda total, o mercado de leilões de sinistrados tem se expandido. Em 2024, 15% dos veículos adquiridos pela Copart são de grande monta, muitos com danos leves, porém considerados inviáveis pelas seguradoras.