Por que o motor flex consome mais etanol do que gasolina?

Introduzida no Brasil em 2003, tecnologia revolucionou a indústria automotiva, mas consome mais etanol devido a suas características.

O surgimento do motor flex no Brasil há 17 anos marcou o início de uma nova era na indústria automotiva nacional. A tecnologia, desenvolvida localmente, estreou no Volkswagen Gol em 2003 e desde então tem se tornado padrão nos veículos vendidos no país.

Atualmente, a maioria dos automóveis no mercado nacional possui essa configuração, permitindo que os usuários escolham entre gasolina ou etanol ao abastecer.

Apesar da flexibilidade, muitos se perguntam: por que o consumo de etanol é maior em comparação à gasolina? Essa questão está relacionada a vários fatores técnicos, incluindo a taxa de compressão e a proporção estequiométrica das misturas de combustíveis.

Entender essas diferenças é essencial para escolher o combustível mais adequado para cada situação.

Compreendendo a taxa de compressão

A taxa de compressão é um parâmetro crucial nos motores térmicos. Nos sistemas movidos exclusivamente a gasolina, essa taxa varia entre 9,1 e 10,5; enquanto nos movidos a etanol, varia entre 12,1 e 13,5.

O motor flex, por sua vez, possui uma taxa média entre 10,1 e 11,5 para acomodar ambos os combustíveis.

O etanol possui um valor de octanagem de cerca de 110, superior ao da gasolina, que é de aproximadamente 85. Isso significa que o primeiro pode suportar compressões maiores; no entanto, a taxa média do motor flex compromete sua eficiência, tornando-o mais “beberrão”.

Proporção estequiométrica

A proporção estequiométrica define a quantidade necessária de ar e combustível na mistura. Para o etanol, essa proporção é de 8,4:1, enquanto a gasolina requer 13,5:1. Isso significa que é necessário 60% mais etanol para alcançar uma mistura equivalente à da gasolina.

Devido à necessidade de uma maior quantidade de etanol, os motores flex injetam cerca de 43% mais combustível vegetal na câmara de combustão quando abastecidos com ele. Por isso, apesar das vantagens ambientais do biocombustível, seu consumo elevado pode impactar o bolso do consumidor.

Portanto, a escolha entre etanol e gasolina no motor flex depende não só do preço dos combustíveis, mas também de uma compreensão das características técnicas que influenciam o consumo. O motor flex continua a oferecer versatilidade, mas exige atenção ao comportamento de cada combustível para otimizar custos e desempenho.

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