Por que o Uber demora tanto em certas regiões e horários? Motoristas respondem
Parceiros da empresa precisam selecionar corridas com cuidado para evitar o prejuízo no fim do dia.
Algo que praticamente todo usuário dos serviços da Uber já notou é a dificuldade em conseguir uma corrida pelo aplicativo, especialmente em determinadas regiões. Além do tempo que leva para alguém aceitar a viagem, há ainda o inconveniente dos cancelamentos.
A cada dia, o desafio de chamar um carro pela plataforma e realmente conseguir embarcar nele só aumenta, e essa situação não está restrita aos horários de pico. Por que isso está acontecendo?
A revista Exame entrevistou motoristas da Uber para encontrar as respostas do porquê está tão difícil conseguir uma viagem. Os profissionais citaram diversas razões, como a política de preços da empresa e a situação econômica adversa do Brasil.
Por que o serviço da Uber piorou tanto?
Foto: Tero Vesalainen/Shutterstock
Os motoristas contam que a política de preços da plataforma obriga o trabalhador a selecionar com muito cuidado as corridas para evitar prejuízos ao final do dia de trabalho, que frequentemente supera 12 horas.
“Não é que não há motoristas na praça. Pelo contrário, há muitos. Mas eles estão garimpando corridas. Pegam aquelas que sabem que vão render algum dinheiro”, conta Walter, motorista da Uber há seis anos.
Segundo ele, quando a empresa faz uma promoção para o passageiro, os custos são repassados aos profissionais, que já pagam uma taxa de 25% a 40% por viagem à plataforma. Essa dinâmica faz com que muitas corridas não se paguem.
“Antigamente compensava fazer qualquer tipo de corrida, tanto longa quanto curta. Mas hoje não mais. Quem cancela muito ou aceita pouco acaba sendo banido, mas nós precisamos fazer essa ‘garimpagem’ para conseguir ganhar alguma coisa no final do dia”, explica.
Sistema de bloqueio
Além da seleção feita pelo profissional na tentativa de lucrar, a Uber bloqueia algumas corridas em dias e horários específicos quando identifica risco ao condutor. O processo é realizado com o uso da tecnologia machine learning, a partir de dados como forma de pagamento e o CPF do usuário.
Dessa forma, o passageiro que tenta solicitar uma viagem em uma área considerada perigosa passa por uma avaliação prévia de seu perfil. A partir dessa análise, a empresa decide se o serviço ficará bloqueado temporariamente ou se dará continuidade ao pedido.
Caso seja bloqueado, o usuário perde o acesso ao serviço até chegar a um local considerado seguro ou fornecer informações adicionais de identificação para garantir mais segurança. A 99 tem um sistema semelhante, mas ele não gera o bloqueio de áreas de risco, apenas alerta o motorista quando ele aceita a corrida.