Por que os enfeites de capô desapareceram dos carros novos?

Símbolos que embelezavam e personalizam veículos de diferentes marcas deixaram de estar presentes nos carros mais novos.

Reforçar a marca é uma estratégia de marketing importante para qualquer empresa, e isso inclui até as grandes montadoras de veículos com presença mundial. Por isso, os carros vêm com o nome das fabricantes e, no passado, eram enfeitados com ornamentos de capô.

Essas pequenas esculturas de metal instaladas na parte dianteira da carroceria servem para trazer estilo, luxo e distinguir a marca das demais. Elas também tinham uma função prática nos carros mais antigos: esconder o termômetro do radiador.

Antes da época em que esses ornamentos surgiram, os primeiros automóveis tinham um radiador aparente e para fora, inspirados no Ford T. Pouco tempo depois, a Boyce MotoMeter patenteou uma espécie de termômetro, semelhante a um medidor de pressão, que era acoplado ao radiador. A peça servia para indicar a temperatura dos líquidos do veículo, uma utilidade e tanto em um período em que os motoristas sofriam para encontrar auxílio mecânico.

Juntando o útil ao agradável, outras marcas resolveram usar os ornamentos de capô para esconder o radiador, deixar o carro mais bonito e ainda fazer propaganda de si mesmas. Mesmo depois que a indústria evoluiu e o componente foi transferido para debaixo do capô, os enfeites já eram tendência.

As pequenas esculturas de cada fabricante eram diferentes umas das outras, mas quase sempre produzidas em bronze ou ferro. Os modelos da Jaguar tinham um jaguar saltando do capô, enquanto os da Bentley vinham com o B alado. A Mercedes-Benz criou um dos itens mais icônicos, batizado de “The Spirit Of Ecstasy”, uma mulher com as mãos para trás e vestes que simulam asas.

Despedida dos enfeites de capô

Foto: Ivan Gran/Shutterstock

O início da queda dos ornamentos na carroceria veio após a década de 1970, com a popularização de carros mais acessíveis, que levaram as marcas a cortar custos. Outra questão foi o aumento na velocidade máxima dos automóveis, que desencadeou a demanda por formatos mais aerodinâmicos.

A decisão também passou pela segurança. Eram comuns os casos de pessoas atropeladas que foram empaladas pelos ornamentos e até as colisões entre veículos tinham mais riscos de terminar em mortes devido à presença das peças.

Com o passar do tempo, ficou difícil para as montadoras justificar a presença da escultura em seus modelos, o que acabou, aos poucos, com a moda dos enfeites. Nomes como Jaguar e Mercedes-Benz continuaram oferecendo as esculturas nos carros mais exclusivos como um sinal de luxo, inclusive com a possibilidade de esconder a peça embaixo do capô.

A montadora que resistiu por mais tempo foi a Jaguar, que alegou que os roubos dos enfeites foram motivadores para a decisão de acabar com o símbolo icônico. Além disso, as leis de trânsito foram se tornando mais rígidas e praticamente forçaram a aposentadoria dos ornamentos.

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