Por que SUVs e picapes representam um risco maior para pedestres?
SUVs e picapes dominam vendas, mas estudo alerta que eles aumentam risco de atropelamentos fatais.
Os SUVs e picapes conquistaram o coração dos brasileiros, deixando de ser apenas um gosto de nicho para dominar mais da metade das vendas de carros no país. Modernos, espaçosos e seguros na percepção de muitos, esses modelos viraram símbolo de status nas ruas.
Mas nem tudo são vantagens: novos estudos colocam a segurança desses veículos em xeque.
Um levantamento do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), referência científica e educacional nos EUA, mostra que atropelamentos envolvendo SUVs e picapes têm maior probabilidade de resultar em morte do que acidentes com sedãs ou hatches.
O fenômeno não se resume ao tamanho do veículo. Projetos de carroceria, altura e peso são fatores que explicam o risco elevado, e os resultados desafiam a ideia de que “maior é sempre mais seguro”. Para motoristas e famílias, a pesquisa acende um alerta sobre escolhas de mobilidade.
O que mostram as evidências de segurança
O IIHS relaciona a arquitetura veicular a lesões fatais em pedestres. Pesos elevados e frente mais alta alteram a dinâmica do impacto, o que agrava os danos. Por sua vez, a combinação desses elementos amplia o risco quando comparada a veículos menores.
Em carros menores, o para-choque tende a atingir as pernas, o que costuma poupar órgãos vitais. Em SUVs e picapes, a colisão alcança o tronco e a cabeça, elevando a gravidade.
Uma maior massa libera mais energia no contato, o que potencialmente aumenta a gravidade dos ferimentos.
Visibilidade e pontos cegos
A posição de dirigir mais alta agrada ao condutor, no entanto, amplia pontos cegos à frente e nas laterais. Consequentemente, ciclistas e motociclistas ficam menos visíveis em manobras urbanas. Assim, o risco de atropelamentos aumenta em cruzamentos e saídas de vaga.
Respostas e políticas urbanas
No Brasil, a Anfavea registrou que mais da metade das vendas do último ano concentrou-se em SUVs. Muitos consumidores ainda associam o formato à modernidade e à proteção, mas os dados de risco pedem cautela nessa leitura simplificada.
Na Europa, o debate ganhou espaço. Em 2024, a cidade de Paris, na França, aprovou uma lei que triplica a tarifa de estacionamento de SUVs para não residentes. Segundo veículos da imprensa, mais da metade da população apoiou a mudança.
Os números e os mecanismos técnicos convergem para um recado claro: o desenho veicular importa para a segurança viária. Portanto, escolhas de consumo e políticas locais ganham relevância à medida que a frota brasileira migra para SUVs.