Por que tantos veículos dos Correios agora rodam em serviços de entrega por aplicativo?

Empresas de entrega encontram economia em leilões de veículos dos Correios, utilizando furgões amarelos para impulsionar serviços.

O crescimento dos aplicativos de entrega transformou a forma como os brasileiros enviam e recebem encomendas. Plataformas como Lalamove e Loggi oferecem hoje serviços ágeis e acessíveis para transportar desde pequenos pacotes e documentos até móveis e mudanças completas.

Mas há um detalhe curioso que chama a atenção: muitos usuários já se depararam com entregadores chegando em um furgão amarelo, idêntico aos utilizados pelos Correios.

Essa cena, que pode causar estranhamento, não significa que a estatal tenha terceirizado seus serviços. A explicação é mais simples e está diretamente ligada à economia.

De veículos oficiais a ferramentas de trabalho nos apps

Os Correios possuem uma frota superior a 30 mil veículos. Quando um carro atinge a idade limite ou sua manutenção deixa de ser economicamente viável, ele é colocado à venda em leilões oficiais.

Nessas disputas, muitos motoristas de aplicativos de entrega encontram uma oportunidade: arrematam os veículos por valores muito abaixo da tabela de mercado e os utilizam no dia a dia, agora como parte das plataformas digitais.

Embora os carros recebam a remoção dos logotipos e emblemas oficiais, a cor amarela característica continua, o que mantém a semelhança visual com os veículos ainda em operação pela estatal. Na prática, “ex-carteiros” se transformam em entregadores de aplicativo.

Leilões dos Correios: oportunidade ou armadilha?

Somente em agosto deste ano, foram realizados quatro leilões em diferentes estados, movimentando centenas de veículos.

Os preços chamam atenção: um Fiat Ducato 2014, avaliado em cerca de R$ 90 mil no mercado, foi arrematado por apenas R$ 37,1 mil.

No entanto, nem todos os negócios representam uma vantagem imediata. A maioria dos veículos é anunciada em condições de uso desgastado, exigindo reparos.

Pneus carecas, bancos rasgados, faróis quebrados e motores com necessidade de revisão são descrições comuns nos editais.

Um exemplo extremo foi o de uma Honda NXR150 Bros Trail 2005, vendida por R$ 4.700. Apesar do preço baixo, o conserto exigia ao menos R$ 2.700, elevando o custo final para o valor de mercado do modelo.

Veículos antigos dos Correios são leiloados em ótimo estado (Foto: Reprodução)

Próximos leilões e veículos disponíveis

O edital mais recente, de número 074/2025, prevê a venda de 34 veículos, entre modelos como Fiat Ducato, Renault Kangoo e Fiorino. A disputa será realizada online, pelo sistema Licitações-e do Banco do Brasil, nos dias 8 e 9 de setembro.

Os valores mínimos variam bastante: alguns lotes começam com lances a partir de R$ 4 mil, no caso de veículos em estado precário, enquanto os modelos em melhores condições, como certos Ducatos, partem de R$ 50 mil.

Como participar dos leilões dos Correios

Para disputar um veículo, o interessado precisa:

  • Acessar o site dos Correios ou o portal Licitações-e.
  • Fazer cadastro em uma agência do Banco do Brasil e obter chave de acesso.
  • Registrar a proposta inicial no sistema antes da abertura oficial.
  • No dia da disputa, acessar a sala virtual e dar lances em tempo real.
  • Após vencer, pagar 5% do valor em até um dia útil e quitar o restante em até dois dias.

Vale a pena investir nesses veículos?

Segundo especialistas, é preciso avaliar com cautela. Apesar dos preços atrativos, o custo de manutenção pode comprometer a economia inicial.

Muitos motoristas de aplicativo optam apenas por reparos básicos, mantendo o carro funcional mesmo que algumas partes não essenciais, como bancos e acabamentos internos, estejam em más condições.

Por outro lado, frotistas e oficinas costumam se beneficiar mais desses leilões, já que conseguem diluir os custos ou reaproveitar peças em outros veículos, aumentando a rentabilidade.

Portanto, os antigos carros dos Correios estão ganhando uma nova vida nas mãos de entregadores independentes, impulsionados pela crescente demanda de aplicativos. O que para uns é uma alternativa de baixo custo, para outros pode se tornar uma despesa maior do que o previsto.

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