Poucos carros elétricos têm painéis solares: entenda por quê

Painéis solares em veículos elétricos são promissores, mas enfrentam desafios técnicos e altos custos.

A utilização de painéis solares em veículos elétricos e híbridos surge como uma alternativa promissora para a sustentabilidade. No entanto, apesar do aparente potencial, diversos obstáculos técnicos e econômicos limitam a implementação eficaz dessa tecnologia.

Embora a instalação de painéis solares em residências para recarregar carros elétricos seja uma prática viável e econômica, a adaptação dessa tecnologia diretamente nos veículos apresenta desafios significativos.

A eficiência das placas fotovoltaicas, os custos elevados e a dependência de condições climáticas são alguns dos principais fatores que dificultam a adoção em larga escala.

Viabilidade da energia solar em veículos

Yuan Plus com painel solar. Imagem: Divulgação BYD
Yuan Plus com painel solar. Imagem: Divulgação BYD

Para que a energia solar desempenhe um papel relevante na autonomia dos veículos elétricos, é necessária uma área extensa de painéis solares. Um exemplo é o carro desenvolvido pela empresa holandesa Lightyear, equipado com 5 m² de painéis solares. Com essa configuração, o veículo poderia alcançar uma autonomia de 560 km, sendo 70 km provenientes da energia solar.

No entanto, o custo elevado de aproximadamente US$ 250.000 (cerca de R$ 1,2 milhão) e a falência da startup evidenciam os desafios financeiros. A Lightyear, após encerrar suas atividades, redirecionou seu foco para fornecer painéis solares a outros fabricantes, buscando rentabilizar suas patentes.

Montadoras como a Toyota já exploram a incorporação de painéis solares em seus modelos. O Toyota Prius, na versão PHEV, por exemplo, pode vir equipado com um carregador solar no teto, que adiciona cerca de 1.250 km de autonomia ao ano. No entanto, essa solução ainda é limitada, proporcionando apenas 3,5 km diários.

O painel solar do Prius converte energia solar em carga para a bateria de 13,6 kWh quando o veículo está parado. Em movimento, a energia gerada alimenta sistemas auxiliares, como ar-condicionado e direção elétrica. Esse opcional custa US$ 610 (aproximadamente R$ 3.400) na versão mais cara do híbrido nos Estados Unidos.

Aplicações em veículos comerciais

A Randon, maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina, investe em painéis solares para reduzir o consumo de combustível de seus caminhões. As carretas equipadas com o E-Sys, um motor elétrico de 209 cv, são testadas com painéis solares instalados no teto e laterais, gerando até 15 kW de potência.

Essa tecnologia pode proporcionar uma economia anual de 1.800 litros de diesel, conforme dados da própria empresa. No entanto, a implementação ainda está em fase de testes e ajustes.

O Yuan Plus, por exemplo, teve um painel solar de 570 W instalado para alimentar um carregador portátil. Este sistema, no entanto, requer 100 horas de exposição solar contínua para uma carga completa, o que equivale a cerca de 12 dias e meio, considerando 8 horas diárias de sol. Na prática, o tempo necessário pode estender-se até duas semanas.

O futuro da utilização de energia solar em veículos depende de avanços na eficiência das placas fotovoltaicas e na redução dos custos de produção. Embora existam experiências promissoras e aplicações específicas, a viabilidade em larga escala ainda enfrenta desafios significativos.

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