Preços irreais? Montadoras chinesas são investigadas por prática de dumping
Montadoras tradicionais no Brasil iniciam processo contra BYD e GWM por suspeita de práticas de dumping.
A crescente presença de montadoras chinesas no mercado brasileiro de automóveis está levantando suspeitas entre as fabricantes tradicionais do país. A mais recente suposição é de dumping, uma estratégia onde produtos são vendidos abaixo do custo, possivelmente com subsídios ilegais.
BYD e GWM, duas das principais empresas chinesas de veículos a operar no Brasil, estão no centro de uma investigação sobre a prática. A Anfavea, entidade que representa os fabricantes automobilísticos estrangeiros no Brasil, conduz a ação junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Desde o início de 2024, a alíquota de importação para veículos eletrificados foi restabelecida, começando em 18%, com previsão de atingir 35% em julho de 2026. Essa mudança teria motivado importações antecipadas por parte das montadoras chinesas, que agora enfrentam a investigação das empresas locais.
Alegações de dumping e respostas das empresas
A principal queixa concentra-se no segmento de veículos elétricos, liderado pelas marcas chinesas. Relatórios indicam que os preços dos modelos chineses no Brasil são significativamente mais altos em comparação com seus valores na China.
O Dolphin Mini elétrico da BYD, por exemplo, tem um custo de R$ 119 mil no Brasil, quase o dobro do preço em seu país de origem. A montadora, por sua vez, nega as acusações de dumping e defende seus produtos como sustentáveis e de alta qualidade, respeitando as regulamentações locais.
Expansão e investimentos no Brasil
Em resposta às acusações, a BYD destaca seus investimentos no Brasil, incluindo a construção de um novo complexo industrial em Camaçari, Bahia. A GWM também avança com suas operações locais, adquirindo uma fábrica em Iracemápolis, São Paulo.
Ambas as empresas visam fortalecer sua presença no mercado brasileiro por meio da produção nacional.
Crescimento acelerado e impacto no mercado
Em 2024, as vendas da GWM e da BYD aumentaram significativamente. A primeira, que comercializa modelos como o SUV híbrido H6 e o elétrico Ora, alcançou 29 mil emplacamentos, enquanto a BYD registrou quase 77 mil vendas, posicionando-se entre as dez maiores montadoras do Brasil.
Este sucesso tem gerado tensão com as montadoras tradicionais, que pressionam o governo por políticas que protejam a indústria nacional.
Apesar das controvérsias, as montadoras chinesas continuam a expandir suas operações e infraestrutura no Brasil. O resultado da investigação poderá impactar o futuro das relações comerciais entre empresas locais e estrangeiras, moldando o panorama do setor automotivo no país.