Proibido sem dizer que está proibido? PL do Mototáxi em SP gera revolta e alerta nacional

Aprovação inicial do PL do mototáxi em São Paulo enfrenta críticas da Amobitec, que chama medidas de "proibição disfarçada".

A discussão sobre a regulamentação do mototáxi e dos serviços de entrega por aplicativo em São Paulo ganhou um novo capítulo e dos mais tensos.

A aprovação, em primeira votação, do Projeto de Lei (PL) que pretende regulamentar a atividade acendeu um forte alerta no setor de mobilidade.

Para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), o texto não representa uma modernização das regras, mas sim uma tentativa de restringir de forma indireta o trabalho dos motociclistas.

A entidade classifica o PL como uma “proibição disfarçada”, capaz de inviabilizar completamente a categoria na capital paulista.

Exigências que travam o setor: o cerne da crítica da Amobitec

De acordo com a Amobitec, vários dispositivos presentes no PL do mototáxi em São Paulo tornam praticamente impossível a atuação dos profissionais que trabalham via aplicativos.

O principal deles é a exigência de credenciamento prévio, obrigatório tanto para as empresas quanto para os motociclistas.

O processo, segundo o texto aprovado, pode levar até 60 dias, com possibilidade de prorrogação por tempo indeterminado.

Para a associação, essa brecha permitiria que a Prefeitura simplesmente atrasasse ou negasse autorizações, criando um obstáculo burocrático incompatível com a realidade dos serviços digitais, que dependem de agilidade e escala.

Placa vermelha e equiparação indevida: outra polêmica central

Outro ponto amplamente criticado é a exigência de que as motos utilizadas pelos entregadores tenham placa vermelha, destinada à categoria de aluguel.

Segundo a Amobitec, essa regra equipara entregadores de aplicativo a mototaxistas tradicionais, uma equiparação considerada inconstitucional e incompatível com o modelo de operação das plataformas.

A entidade reforça que já existe legislação federal específica para atividades de intermediação digital de entregas e transporte, e que impor a placa vermelha violaria esse arcabouço jurídico.

Decisões recentes do TJSP e do STF afirmam que municípios não podem proibir, direta ou indiretamente, serviços de entrega por app.

Debates acalorados e próximos passos na Câmara

O projeto foi discutido em uma sessão extensa, que ultrapassou oito horas, e acabou aprovado por 29 votos a 9. O PL segue agora para segunda e última votação, marcada para a próxima segunda-feira (8/12).

Caso seja novamente aprovado, seguirá para eventual sanção do prefeito Ricardo Nunes.

Foto: Getty Images

Principais exigências do PL que preocupam o setor

Por fim, veja a seguir uma lista de exigência do PL que estão preocupando o setor:

  1. Credenciamento prévio obrigatório na Prefeitura.
  2. Obrigatoriedade de placa vermelha nas motocicletas.
  3. Idade mínima de 21 anos.
  4. Ao menos 2 anos de CNH nas categorias A ou AB.
  5. Não ter cometido infração gravíssima no último ano.
  6. Realizar curso especializado para transporte de passageiros.
  7. Apresentar exame toxicológico.
  8. Comprovar abertura de CNPJ ou MEI.
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