Quais são os principais obstáculos para os ‘carros voadores’?

Embora a tecnologia para colocar carros no ar já exista, regulamentações e custos podem apresentar desafios.

Em 1926, Henry Ford tentou desenvolver um modelo de carro voador que não vingou devido a um acidente com o protótipo. Cerca de quatro décadas depois, desenhos animados, filmes e livros de ficção científica deixavam claro o que o mundo esperava do futuro: veículos viajando pelo ar.

Agora, quase 100 anos após as primeiras tentativas, a empresa chinesa EHang recebeu autorização para operar comercialmente um eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical), popularmente chamado de carro voador. O modelo é elétrico e visualmente fica entre um drone e um helicóptero.

O eVTOL autorizado a operar possui autonomia de 30 quilômetros, voa a uma média de 100 quilômetros por hora e tem capacidade para dois passageiros. A fabricante terá uma equipe de pilotos à disposição no solo para assumir o controle em caso de emergência. Os primeiros voos serão realizados em rotas restritas.

Mais cautela

Fora da China, outros países têm adotado práticas mais conservadoras e criando etapas para a implementação do serviço. A Administração Federal de Aviação (FAA) determinou que inicialmente serão permitidas apenas aeronaves comandadas por seres humanos, somente em percursos certificados. Os voos controlados remotamente, como os da China, devem ficar para a próxima década.

“Ou seja, não será possível sair do quintal de casa e pousar em um lugar qualquer”, explica Flavio Pires, CEO da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag).

Desafios

A brasileira Embraer desenvolve eVTOLs desde 2017 e anunciou recentemente seu próprio modelo, fabricado pela subsidiária Eve Air Mobility. O mercado estima que o segmento deverá movimentar cerca de mais de 30 bilhões de dólares em 2027 e cerca de 35 bilhões de dólares em 2034.

Então o que falta para alavancar o futuro de carros voadores? Embora a tecnologia exista e as agências reguladoras estejam se movimentando para garantir a segurança dos envolvidos, os eVTOLs devem ficar restritos ao táxi-aéreo.

Apenas cerca de 8% dos deslocamentos entre 150 e 800 quilômetros nos Estados Unidos são feitos com aeronaves ou helicópteros, enquanto na Europa o número não chega a 4%. Além da falta de costume, o preço é outra pedra no sapato, já que as estimativas indicam um custo de 7 dólares por quilômetro. Ou seja: o futuro pode demorar mais um pouco.

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