Vai subir de uma vez? Petrobras atrasa em 1 mês os aumentos dos combustíveis
Apesar da mudança na política dos preços, aumentos ainda continuam sendo repassados.
Motoristas que abastecem o carro com certa frequência podem não notar, mas a Petrobras está adotando uma política de preços diferente da tradicional. A estatal tem segurado os reajustes nos preços dos combustíveis por aproximadamente um mês; no entanto, os repasses ainda continuam acontecendo.
Em maio de 2023, a Petrobras anunciou uma mudança na política de precificação dos combustíveis. A ideia de “abrasileirar” os preços consiste em não utilizar a paridade de importação como o único componente para aumento ou redução do valor dos combustíveis.
O intuito é frear as oscilações de preço do petróleo no mercado internacional, que geram um aumento brusco nos valores das bombas dentro do país. No entanto, segundo especialistas, essa prática de atrasar em 30 dias o repasse pode atrapalhar a Petrobras, fazendo-a perder competitividade e ainda ter prejuízos.
Como funciona a nova política de preço dos combustíveis pela Petrobras?
Segundo um estudo da Leggio Consultoria, obtido pelo G1, a estatal tem segurado por um mês o valor dos combustíveis em cerca de 5% abaixo do preço de importação.
Ou seja, a Petrobras aguarda cerca de 30 dias para realizar o repasse aos brasileiros e, quando isso acontece, o valor é 5% menor do que o praticado no mercado externo.
Essa prática, que pode soar como nova, era comum no último ano do governo do presidente Jair Bolsonaro, em 2022. De acordo com a consultoria, a mudança, ocorrida em 16 de maio de 2023 (há quase um ano), foi anunciada como algo novo, mas que já estava sendo praticada até então.
Foto: RecCameraStock/Shutterstock
Petrobras pode falir?
Segundo o levantamento, apesar do atraso em aumentar os combustíveis, a Petrobras não corre grande risco de prejuízo, pois, quando há queda no mercado internacional, a empresa faz o repasse da redução de maneira mais ágil.
A tática, então, funciona mais como um posicionamento estratégico de mercado, conforme revelou Marcus D’Elia, sócio da consultoria encarregada do estudo.
Por outro lado, Sergio Araujo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), contesta os dados do estudo. Para ele, os repasses das altas não ocorrem desde outubro de 2023, ou seja, há quase sete meses sem altas consideráveis.
No final de abril, a defasagem média entre o preço da gasolina praticado pela Petrobras em comparação ao mercado internacional era de 14%. Já em relação ao diesel, o percentual chegou a 5%.
*Com informações do G1