Gasolina com Dipirona faz o combustível durar mais? Especialista bate o martelo

Motoristas têm adicionado Dipirona na gasolina, mas especialistas alertam sobre riscos e falta de comprovação científica acerca dos benefícios da prática.

Recentemente, um fenômeno peculiar tem ganhado espaço nas redes sociais: motoristas estão adicionando Dipirona, um analgésico popular, aos seus tanques de gasolina, com a esperança de melhorar a eficiência nos veículos.

A prática, sem base científica, alimenta debates sobre economia de combustível e segurança. A peculiaridade dessa tentativa está na falta de comprovação científica e nos potenciais riscos envolvidos.

A Dipirona, muitas vezes encontrada em farmácias sem prescrição, é mais conhecida por aliviar dores e febres. Contudo, vídeos que circulam online sugerem sua mistura na razão de um frasco para cada 10 litros de gasolina.

Embora as promessas de melhorias no consumo sejam tentadoras, essa estratégia levanta dúvidas e preocupações entre especialistas.

A velocidade de disseminação dessas “dicas” nas redes sociais amplifica o problema da desinformação, destacando os perigos de adotar soluções caseiras sem o devido conhecimento.

A prática pode comprometer o funcionamento dos motores e gerar efeitos tóxicos no meio ambiente, segundo alertas de especialistas.

O que dizem os especialistas?

José Guilherme Baeta, da Universidade Federal de Minas Gerais, explicou que não há fundamentos físicos ou químicos que sustentem o uso da Dipirona no combustível. Além disso, ele enfatizou que a prática pode danificar componentes do veículo e potencialmente liberar substâncias nocivas.

Similarmente, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) alerta contra essa prática, ressaltando que a mistura compromete a integridade do combustível e pode causar danos irreversíveis aos veículos.

Analisando os custos envolvidos, a economia esperada com a Dipirona pode não compensar o investimento. Sem uma receita padronizada, o valor gasto no medicamento pode facilmente ultrapassar qualquer possível economia de combustível.

Além disso, a combinação de Dipirona com álcool tem o potencial de causar efeitos adversos durante a condução, conforme estudos do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.

Essa interação pode intensificar o efeito do álcool, tornando a direção perigosa.

Foto: rafastockbr/Shutterstock

Retrospectiva: naftalina nos anos 60 e 70

Nos anos 60 e 70, práticas similares já foram observadas, com a utilização de naftalina na gasolina para aumentar a octanagem. Embora algumas pessoas tenham relatado ganhos, os riscos de danos aos componentes mecânicos eram evidentes.

A história se repete e os riscos associados a métodos não tradicionais de economia de combustível continuam presentes. Portanto, recomenda-se cautela e a busca por soluções comprovadamente seguras para melhorar o consumo de combustível.

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