Aumento da defasagem de gasolina e diesel cria ‘bomba relógio’ para a Petrobras

Mercado internacional de petróleo apresenta alta significativa e Petrobras enfrenta defasagem nos preços dos combustíveis.

O mercado internacional de petróleo experimenta uma nova alta significativa, desencadeada por sanções contra a Rússia. Tal cenário afeta duramente o Brasil, pois a Petrobras lida com uma defasagem considerável nos preços dos combustíveis.

Em agosto de 2023, a estatal precisou reajustar o preço do diesel em 25% e o da gasolina em 16%. Com uma defasagem média de 22% para o diesel e 13% para a gasolina, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a empresa se vê na iminência de novos reajustes.

Isso ocorre em um contexto de inflação elevada, afetando itens como o transporte público e as mensalidades escolares.

Especialistas apontam que, caso um novo aumento seja implementado, o impacto inflacionário será sentido especialmente em fevereiro de 2025. Importadores e produtores de etanol enfrentam perdas devido aos preços estagnados dos combustíveis, intensificando a pressão por ajustes.

Impacto inflacionário

André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê que o cenário inflacionário será desafiador nos próximos meses. A desvalorização cambial e a tendência de alta do petróleo são fatores críticos, e será difícil para a Petrobras segurar um aumento por muito mais tempo.

A gasolina, que compõe 5% do orçamento familiar, deve ter um reajuste significativo.

Embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro possa ser atenuado pela redução na conta de energia, proporcionada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, fevereiro apresentará um cenário distinto. No próximo mês, mensalidades escolares e a normalização da conta de luz devem elevar o índice.

“O IPCA de janeiro poderá ficar em torno de 0,2% e a de fevereiro acima de 1%”, avalia o especialista.

Perspectivas do mercado internacional

Isabela Garcia, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, destaca que novas sanções contra a Rússia pressionam ainda mais o mercado de petróleo. A dificuldade de negociar produtos russos no mercado internacional agrava a situação de oferta e demanda.

Consequências das sanções:

  • As sanções incluem 183 navios, traders e seguradoras.
  • Países como Índia e China podem buscar alternativas no curto prazo.
  • Riscos de disponibilidade de petróleo russo no mercado.

Temores de que o novo governo de Donald Trump possa endurecer as sanções contra Rússia, Venezuela e Irã deixam a situação ainda mais preocupante.

Posicionamento da Petrobras

No final de 2023, Magda Chambriard, presidente da Petrobras, declarou que não havia pressa para ajustar os preços dos combustíveis, mesmo com o petróleo se aproximando dos US$ 80 por barril.

Também no fim do ano, o diretor financeiro e de relações com investidores da estatal, Fernando Melgarejo, garantiu que não havia “correria para reajustar os combustíveis”. Porém, a pressão por reajustes tem aumentado.

A Petrobras ainda não se manifestou oficialmente sobre novos aumentos, mas a expectativa do mercado é de que os preços sejam ajustados em breve. O impacto disso será decisivo para a economia brasileira, tanto em termos de inflação quanto na competitividade dos combustíveis.

você pode gostar também