A verdade sobre os SUVs: por que eles podem ser mais perigosos do que parecem?
SUVs crescem nas vendas, mas também nos riscos de acidentes; saiba por quê.
Nos últimos anos, os SUVs e as picapes conquistaram de vez os consumidores brasileiros. Segundo dados da Anfavea, mais de 60% dos carros vendidos em 2024 foram SUVs, reflexo de uma preferência por modelos mais espaçosos, modernos e que transmitem a sensação de status e segurança. No entanto, essa percepção pode ser enganosa.
Pesquisas internacionais apontam que, apesar da imagem de robustez, os SUVs podem oferecer maior risco em acidentes quando comparados a sedãs, hatches e outros tipos de carroceria.
Estudos nos Estados Unidos e na Europa revelam que o peso, o tamanho e o design desses veículos podem aumentar tanto a gravidade das colisões quanto os riscos para pedestres, ciclistas e motociclistas.
Por que os SUVs oferecem maior risco no trânsito?
Um relatório do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), dos EUA, mostra que SUVs e picapes apresentam maior probabilidade de causar mortes em atropelamentos. Três fatores principais explicam essa vulnerabilidade:
- Altura do para-choque: em carros menores, o impacto atinge as pernas, o que pode permitir a sobrevivência; já em SUVs, o choque ocorre no tronco e na cabeça, áreas muito mais sensíveis.
- Peso elevado: veículos mais pesados liberam maior energia em colisões, o que resulta em lesões mais graves.
- Pontos cegos ampliados: a posição de condução mais alta pode comprometer a visibilidade, especialmente de crianças, ciclistas e motociclistas.
Essas características tornam os SUVs menos “inofensivos” do que aparentam, sobretudo em áreas urbanas com grande circulação de pessoas.
Foto: Shutterstock
Dados revelam aumento de mortes com o avanço dos SUVs
Nos Estados Unidos, o crescimento das vendas de SUVs e picapes coincidiu com um aumento alarmante nos sinistros envolvendo pedestres e ciclistas.
De acordo com o portal AP News, entre 2011 e 2022 houve um crescimento de 64% nas mortes desse público. Atualmente, esses veículos já representam quase 80% do mercado norte-americano.
Na Europa, o debate sobre os riscos dos SUVs é intenso e já resultou em medidas práticas. Em Paris, foi aprovada em 2024 uma regra que triplica a tarifa de estacionamento para SUVs de não residentes, chegando a até €18 por hora em áreas centrais.
A medida recebeu apoio de 54% da população em referendo, conforme informações da BBC e da CNN, e busca desestimular o uso desses modelos em regiões densamente povoadas. Cidades como Lyon e Grenoble estudam iniciativas semelhantes.
E no Brasil, como fica essa discussão?
Enquanto Europa e Estados Unidos já tratam o impacto dos SUVs como questão de segurança viária e mobilidade urbana, no Brasil o tema ainda é pouco explorado.
Aqui, esses veículos seguem fortemente associados a status, conforto e prestígio social, sem que se discuta de forma ampla os riscos adicionais que representam no trânsito.
Desafios de ter um SUV
Embora sejam vistos como símbolos de modernidade e proteção, os SUVs podem ser mais perigosos do que parecem. O peso elevado, a altura da carroceria e os pontos cegos maiores aumentam a gravidade dos acidentes e representam um desafio para a segurança de pedestres e ciclistas.
Diante disso, cabe refletir: será que a sensação de conforto e status realmente compensa os riscos potenciais desses veículos? A resposta pode ajudar a moldar o futuro da mobilidade e trazer ao Brasil uma discussão que já acontece em boa parte do mundo.