Pequeno, elétrico e ousado: minicarro busca desafiar chineses na Europa

Dacia lança "Hipster Concept", minicarro elétrico abaixo de 15 mil euros, visando mercado europeu acessível.

O mercado de carros elétricos está esquentando, e a guerra de preços chegou à Europa. Em meio à dominação chinesa nas vendas globais, a Dacia, do Grupo Renault, surge com uma proposta audaciosa: um minicarro elétrico de entrada que promete abalar o mercado local e reduzir a dependência de importações.

Batizado de “Hipster Concept”, o modelo promete ser acessível, com preço estimado abaixo de 15 mil euros (R$ 93 mil), mirando diretamente os veículos elétricos baratos vindos da China.

Compacto, urbano e prático, ele busca conquistar consumidores atentos ao preço e à sustentabilidade, sem abrir mão de tecnologia básica e eficiência energética.

Mais do que promover um lançamento, a Dacia reacende o debate sobre a produção regional e a competitividade na Europa. A aposta é clara: oferecer uma alternativa inteligente, econômica e verde, capaz de se destacar em um mercado cada vez mais disputado e consciente do futuro da mobilidade elétrica.

Projeto e desempenho

Segundo a Reuters, o “Hipster Concept” mede três metros de comprimento e pesa menos de 800 kg. Apesar do porte, o carro alcança cerca de 90 km/h e oferece uma autonomia aproximada de 150 km.

Assim, caso chegue às ruas, tende a tornar-se o menor já produzido na União Europeia.

Foto: Divulgação/Dacia

Estratégia de custo e segurança

Para cortar despesas industriais, a Dacia simplificou o projeto e reduziu os componentes eletrônicos ao mínimo. O minicarro adota assentos de lona, janelas manuais e alças no lugar de maçanetas. Porém, a empresa afirma manter os padrões de segurança para motoristas e passageiros.

Katrin Adt, CEO da companhia, descreve o veículo como perfeito para uma “mobilidade local, acessível e cotidiana”. Desse modo, a Dacia alinha o posicionamento de produto às necessidades urbanas e ao uso diário.

Além disso, o foco na simplicidade tende a facilitar a manutenção e a reduzir o preço final.

Contexto global e concorrência

Em 2025, mais de 12 milhões de carros elétricos já foram vendidos no mundo, o que reforça a escalada da eletrificação. Enquanto isso, a Europa avalia rever a proibição de vendas de carros a combustão, o que pode reconfigurar metas e cronogramas. Aliás, a BYD tenta romper com a tradição no Japão com um novo mini elétrico.

Nesse ambiente competitivo, marcas chinesas ampliam a presença e pressionam os preços na Europa. Por isso, a Dacia aposta em custo baixo e fabricação regional para sustentar as margens.

Contudo, a marca depende de ajustes regulatórios. Para avançar, a União Europeia precisa criar uma nova categoria para carros pequenos. As negociações já estão em andamento e podem exigir a fabricação em território europeu.

Esse requisito fortalece cadeias locais e responde a pressões por produção próxima ao consumidor. Assim, a estratégia busca equilibrar o acesso à mobilidade e os objetivos industriais do bloco. Por outro lado, novos padrões devem considerar segurança, emissões e circulação urbana.

Pressão por acessibilidade

A Dacia calcula que o preço médio dos carros novos subiu 63% entre 2001 e 2020, o que restringe a compra para muitos europeus. Assim, a marca argumenta que o continente precisa de opções mais acessíveis.

Desse modo, o “Hipster Concept” procura preencher essa lacuna com propostas tangíveis.

Se as regras avançarem e o projeto mantiver o preço abaixo de 15 mil euros, a montadora poderá inaugurar um novo patamar de veículos urbanos na Europa. No entanto, a execução industrial e a homologação determinarão o ritmo. Até lá, a negociação na União Europeia segue como fator decisivo.

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