Autoescolas em alerta: CNH sem autoescola provoca fuga em massa de alunos
Consulta pública sobre a CNH causa queda na procura por autoescolas e incerteza no setor.
O mercado de autoescolas no Brasil vive dias de suspense. Desde que a consulta pública sobre mudanças na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) foi aberta em outubro, muitos candidatos preferem esperar antes de se matricular, temendo custos e etapas ainda desconhecidas do processo.
A sensação de incerteza gerou um verdadeiro êxodo de alunos. Em entrevista ao UOL, Ygor Valença, presidente da Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto), explicou que muitas pessoas interpretaram a proposta como o “fim das autoescolas”, o que travou as matrículas em várias regiões do país.
Enquanto o setor observa a paralisação, os candidatos acompanham cada decisão do governo, deixando claro que mudanças regulatórias podem transformar rapidamente o comportamento e as escolhas dos futuros motoristas.
Efeito imediato nas matrículas
Segundo Valença, o movimento comercial das escolas de trânsito parou em várias regiões. O receio de novos custos ou formatos afasta os interessados.
Enquanto isso, gestores relatam turmas esvaziadas e cancelamentos. No curto prazo, o setor calcula perdas financeiras relevantes.
A entidade alerta para fechamento em série de estabelecimentos, caso o quadro persista. Como consequência, cerca de 300 mil profissionais podem perder a renda no Brasil.
Fornecedores e instrutores sentem os efeitos indiretos da possível regulamentação. O impacto tende a se espalhar pelas cidades brasileiras rapidamente até uma decisão final do governo.
O que prevê a proposta
O texto em discussão reduz as exigências de frequência em autoescola e permite que etapas ocorram fora das instituições, possibilitando que o candidato escolha como aprender e comprove sua aptidão.
Contudo, quem preferir poderá manter as aulas tradicionais nos centros de formação. Seja qual for a escolha, o exame prático final continua sendo o centro da avaliação.
Na proposta, o candidato ganha mais liberdade. A licença final não restringe o condutor ao tipo de transmissão utilizado no processo, o que significa que o aluno poderá escolher realizar as aulas e a prova prática em um carro com câmbio automático, por exemplo.
Após a aprovação, a habilitação também vale para carros com transmissão manual. Assim, o texto não cria uma nova categoria específica para carros automáticos.
Uso de veículo e instrutor particulares
Outra frente de alteração envolve o carro utilizado nas aulas e no exame. Hoje, autoescolas usam exclusivamente seus próprios veículos. Pela proposta, o candidato poderá utilizar um automóvel de sua propriedade ou do instrutor, com identificação adequada e condições de segurança.
O debate sobre a CNH aponta para um redesenho do processo de formação, mas a transição exige clareza. Portanto, o setor aguarda definições após a consulta pública para ajustar modelos de negócio. Até lá, candidatos e autoescolas calculam riscos e prazos, enquanto monitoram possíveis efeitos no emprego.