Biodiesel: mistura de 14% é prejudicial para quem roda pouco
Percentual de biodiesel no óleo diesel à venda no Brasil passará dos atuais 12% para 14% a partir de março de 2024.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o percentual de biodiesel presente no óleo diesel à venda no Brasil passará dos atuais 12% para 14% a partir de março de 2024. O cronograma prevê um novo reajuste na mistura para 15% em 2025.
Quem é a favor do aumento no teor do produto indica que a prática ajudará a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, além de incentivar a indústria de biocombustível. Cerca de 70% do biodiesel fabricado no país é feito à base de soja, matéria-prima cujos preços estão em queda no mercado global.
A princípio, o primeiro reajuste estava previsto para ocorrer no próximo ano, mas o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a antecipação. Já o aumento anteriormente previsto para 2026 será adiantado para março de 2025.
Problemas para quem roda menos
Em maio do ano passado, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) ampliou suas exigências para reduzir os problemas provocados pelo biodiesel, mas eles continuam existindo. A dificuldade é especialmente grande nas regiões Norte/Nordeste e quando o diesel fica estocado por mais tempo.
A chance de o produto entupir o motor de caminhões e ônibus que estão sempre rodando é menor, mas em SUVs e picapes que circulam pouco, os riscos aumentam. Isso acontece porque o combustível forma uma no fundo do tanque, o que acaba entupindo filtros.
A probabilidade de dor de cabeça também é grande em geradores de energia elétrica que raramente funcionam.
Em 2024, durante uma audiência pública promovida pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados realizada para discutir o projeto, representantes do setor criticaram o percentual aprovado pelo governo.
Segundo a gerente-executiva ambiental da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Erica Marcos, mais de 60% das empresas transportadoras relataram problemas mecânicos em seus veículos relacionados ao uso de biodiesel. “A gente tem um problema de campo, ele não pode ser negado”, alertou na época.