‘Roubauto’: Detran age em um dos maiores comércios clandestinos de peças de carros e prende máfia do desmanche
Operação realizada em três estados e no Distrito Federal mostra como agem as quadrilhas que transportam peças roubadas.
O Brasil registra mais de 60 ocorrências de furto ou roubo de carros por hora, e boa parte desses veículos é desmontada antes mesmo da comunicação do crime às autoridades. Após o processo de desmanche, suas peças são transportadas pelas estradas do país em caminhões lotados e vão parar em lojas suspeitas.
Em parceria com a Polícia Civil, o Detran realizou uma operação para derrubar uma enorme quadrilha especializada em roubar automóveis. O destino dos veículos é Goiás, estado que se transformou em um polo de desmanches.
‘Roubauto’
Localizado na capital, Goiânia, o bairro Vila Canaã é hoje um dos maiores centros comerciais clandestinos de peças de carros, motos e caminhões do país. Por conta da fama, o local é conhecido como “Roubauto”.
Isso aqui, por muito tempo, é conhecido como ‘Robauto’. Vêm peças de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e daqui acabam indo para outros estados, conta Waldir Soares, presidente do Detran/GO.
Dezenas de quadrilhas se instalaram no local ao longo das últimas décadas para revender peças automotivas provenientes de furtos e roubos. Segundo o Detran/GO, a região tem cerca de mil lojas especializadas em componentes veiculares, mas pouco mais de 20% são legalizadas.
“Uma verdadeira organização criminosa composta por lojistas e por pessoas que furtam, roubam”, diz Rafaela Azzi, delegada da Polícia Civil.
Imagens revelam o esquema
As cenas de um flagrante mostram um caminhão parado em uma rua da Vila Canaã, onde 13 homens descarregam a mercadoria. A polícia afirma que são peças de carros roubados em São Paulo e que somente aquele veículo fez mais de 60 viagens transportando itens com nota fiscal adulterada.
Muitas pessoas são arregimentadas para que haja um fluxo muito rápido, para que aquela mercadoria não seja mais vista, que ocupe galpões”, explica a delegada.
Durante as investigações, também foram encontradas listas de encomendas de peças e carros roubados nos celulares dos suspeitos, incluindo detalhes como ano e valor. Vinte e sete pessoas ligadas ao esquema foram presas em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.