Carro elétrico mais caro? Entidades debatem tributação de eletrificados no Brasil
Conflito sobre a taxação antecipada de carros eletrificados esquenta discussões entre Anfavea e ABVE durante o Automotive Business Experience 2024.
Um embate entre a Anfavea e a ABVE destacou divergências significativas sobre a tributação de veículos eletrificados no Brasil. Durante o evento Automotive Business Experience 2024, a primeira pressionou por uma tributação imediata desses modelos, enquanto a segunda defendeu a manutenção do cronograma original.
As entidades apresentam argumentos sólidos, levando a um caloroso debate sobre o polêmico tema que movimenta a indústria e o mercado de carros a bateria.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), representante das montadoras tradicionais no país, pede pela antecipação da alíquota de 35% sobre os veículos eletrificados, prevista para julho de 2026. Márcio Lima Leite, seu presidente, argumenta que o Brasil deve reagir para proteger empregos e investimentos.
Já a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), presidida por Ricardo Bastos, apoia o plano gradual do governo, que estabelece a aplicação da taxa máxima somente daqui a três anos.
Ele reafirma a confiança no compromisso do governo com o vice-presidente Geraldo Alckmin para seguir o cronograma estipulado, que inclui aumentos de alíquotas em julho de 2024 e junho de 2025, antes de atingir o pico em 2026.
O embate entre as entidades ocorre em um contexto de estoques elevados de veículos importados no Brasil, muitos de origem chinesa.
Taxação dos eletrificados tem posições contrárias
Anfavea e a urgência na tributação
A Anfavea defende que a antecipação da tributação máxima é necessária para equilibrar o mercado nacional. Leite destaca o impacto econômico, mencionando 80 mil veículos em estoque e a necessidade de proteger empregos e investimentos significativos no setor.
Ele afirma que a medida resultará na proteção de 1,2 milhão de empregos e protegerá cerca de R$ 130 bilhões em investimentos no Brasil.
ABVE e a defesa da previsibilidade
Por outro lado, a ABVE argumenta que seguir o cronograma é essencial para a estabilidade do mercado. Bastos pontua que previsibilidade e transparência são fundamentais para o setor, e a associação diz confiar na continuidade do plano com aumentos graduais até 2026.
A pressão sobre o mercado brasileiro vem também da concorrência de veículos chineses, que já começam a criar grandes estoques nos portos. A Anfavea critica essa antecipação estratégica das marcas, que visam fugir das futuras alíquotas mais altas.
O debate entre as entidades evidencia a complexidade do mercado automotivo brasileiro e a busca por soluções para equilibrar interesses econômicos e ambientais. A continuidade das discussões será crucial para definir um caminho sustentável para o setor de veículos eletrificados no país.