Carro envolvido no 1º acidente do Brasil estava a 4 km/h e motorista era famoso
Colisão histórica envolveu o grande poeta Olavo Bilac, membro e fundador da Academia Brasileira de Letras.
O início da indústria automotiva brasileira remonta à década de 1920, quando a Ford e a General Motors instalaram suas primeiras fábricas no estado de São Paulo. As marcas norte-americanas visavam impulsionar um setor que já fazia sucesso nos Estados Unidos.
Mesmo antes da chegada das primeiras filiais das montadoras, Alberto Santos Dumont circulava por aí com seu Peugeot Type 3 Vis-a-Vis, chamado de Peugeot Voiturette na França. O carro do pai da aviação era movido a gasolina e data do final do século XIX.
Voltando ao começo do século XX, o volume de carros em São Paulo disparou de 5 mil para 43 mil entre 1920 e 1939, embora o país ainda não tivesse dado seus primeiros passos em direção à modernidade.
1º acidente de carro do Brasil
Décadas antes da chegada da Fiat e da GM ao país, um inédito acidente de carro marcou a história. O caso aconteceu em 1897, no Rio de Janeiro, quando a velocidade dos veículos estava limitada a 4 km/h e as ruas nem mesmo eram asfaltadas.
Primeiro acidente do Brasil (Foto: São Paulo Antiga)
O grande poeta Olavo Bilac, membro e fundador da Academia Brasileira de Letras, guiava um Serpollet equipado com um tipo de caldeira menor e mais controlável, que movia o veículo a vapor. Inventado pelo francês Léon Serpollet, o modelo chegou ao Brasil por meio de José do Patrocínio, amigo de Bilac.
Patrocínio convidou Bilac a dirigir o carro e ficou no banco do carona. Na época, não era preciso ter nenhum documento ou frequentar uma autoescola, portanto, a única preparação do poeta foi receber algumas instruções do amigo sobre o funcionamento da máquina. Os dois partiram de Botafogo rumo à Estrada Velha da Tijuca, no Alto da Boa Vista, mas o acidente ocorreu antes que pudessem avançar muito.
Trafegando a 4 km/h, Bilac perdeu o controle do veículo e seguiu em direção a uma árvore, na qual colidiu. Nenhum dos dois ficou ferido, mas o carro acabou destruído.
A história só veio a público em 1906, em matéria do jornal Correio da Manhã, que relatou o desfecho do infortúnio: o carro superexclusivo foi guinchado do local e terminou em um ferro-velho, até ser totalmente desmontado.