Carro "Transformer": por que modificar o veículo pode detonar o motor e outros componentes?
Colocar um som mais potente ou melhorar a performance. Práticas podem parecer tentadoras, mas escondem riscos. Saiba quais são.
Quem é fã de carro e nunca sonhou com um veículo todo equipado com o que há de mais moderno, estará contando uma mentira. Deixar o automóvel parecendo um “Transformer” pode ao menos ter passado pela mente de muitos aficionados pelas tecnologias automobilísticas.
Por outro lado, a instalação de acessórios, como um som potente, por exemplo, usado para incrementar a potência sonora do carro, pode acabar danificando ou encurtando a vida útil de uma série de componentes. Isso acontece porque nem todos os automóveis são projetados para lidar com alterações ou com uma maior demanda energética.
Posso equipar meu carro sem risco?
Segundo o conselheiro da SAE Brasil, Erwin Franieck, a primeira recomendação a ser seguida é escolher com cuidado os acessórios. Eles precisam ser homologados pelas montadoras, ou seja, específicos para um determinado modelo. Você não quer comprometer a garantia de fábrica, não é mesmo?
Outra dica importante é que, caso o serviço não seja realizado em uma concessionária, o ideal é buscar um profissional qualificado, capaz de realizar a adequação do sistema do carro para receber os novos itens, se isso for necessário. Para o especialista, ignorar esses detalhes pode comprometer a integridade do automóvel.
No caso de sons, alarmes e outros dispositivos neste sentido, a parte elétrica do veículo pode ficar comprometida e sobrecarregar o sistema. Além disso, muitos acessórios permanecem ativos mesmo quando o carro está desligado, o que só piora a situação.
Neste caso, o efeito negativo mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que acaba retendo menos carga e deixando o condutor na mão.
Foto: Reprodução
Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes”, explica o especialista.
E não é só o motor que pode ficar comprometido: peças como a ventoinha, motor de arranque e o propulsor do veículo também podem ser comprometidos.
Cuidado ao ir atrás de mais perfomance
Os acessórios para melhorar certos aspectos do carro não são os únicos perigos: há donos de veículos que buscam aumentar a performance, ou seja, o desempenho do carro.
E isso pode ser feito de diferentes formas, seja reprogramando a ECU, a central eletrônica do motor, ou então alterando os parâmetros de tempo de abertura da borboleta para entrar mais ar, aumentando assim a potência e o torque. Apesar de tentador, é bom evitar.
Estas modificações incluem a troca de componentes, como, por exemplo, a ECU original, bem como a supressão do catalisador, do compressor mecânico ou a instalação de turbo. Para o engenheiro, essa prática pode acarretar diversos danos a longo prazo, sem considerar a perda da garantia.
Em razão de trabalhar acima dos regimes para os quais foi projetado, o motor também corre o risco de maior incidência de carbonização, com o acúmulo de depósitos nos dutos e em outros componentes. Além disso, velas e bicos injetores sofrerão com a degradação acelerada. Portanto, é recomendável pensar duas vezes antes de qualquer alteração, pois isso pode custar a durabilidade do seu veículo.