Crise: Nissan suspende produção e nova geração da Frontier após fracasso em fusão
Montadora japonesa planeja demissões em meio a crise global após fusão com a Honda não se concretizar.
A montadora japonesa Nissan está em uma situação delicada após o fracasso das negociações para a fusão com a Honda. A aliança prometia estabilizar a companhia, que agora enfrenta uma crise global sozinha.
A produção de sua emblemática picape Frontier foi suspensa, e a nova geração, identificada pelo projeto H60E, teve seu desenvolvimento interrompido em Córdoba, Argentina.
A decisão impacta diretamente o mercado brasileiro, pois a Frontier é um modelo relevante na linha de produtos da Nissan. Anteriormente importada do México, a picape passou a ser produzida na Argentina, cuja fábrica em Córdoba agora sofre com a paralisação da produção.
Impacto na Argentina e medidas de contenção
O complexo industrial na cidade de Córdoba, responsável também pela fabricação da Renault Alaskan, enfrenta dificuldades. A fornecedora Maxion Montich apresentou um plano de contenção de crise ao governo argentino, contemplando lay-offs e ajustes salariais.
O sindicato dos metalúrgicos ameaça greve, exigindo maior transparência da Nissan.
Além das ações locais, há previsão de cortes mais amplos. O CEO da marca, Makoto Uchida, anunciou que a empresa reduzirá sua escala produtiva global em 20%, o que pode resultar em até 9 mil demissões.
A situação se agrava com o cancelamento dos planos da Mercedes-Benz para introduzir a Classe X na fábrica argentina.
Impacto no Brasil
Embora a crise não tenha afetado diretamente o Brasil, a Nissan anunciou um investimento de R$ 2,8 bilhões em Resende (RJ). A planta brasileira produzirá a nova geração do Kicks e um modelo inédito.
Enquanto isso, a Nissan planeja lançar um novo SUV de entrada em 2026 para competir com o Renault Kardian.
Fracasso da fusão com a Honda
A tentativa de fusão entre Nissan e Honda encontrou obstáculos insuperáveis.
A negociação, que pretendia formar a terceira maior fabricante de automóveis globalmente, foi cancelada após divergências sobre o modelo de negócios. A Honda propôs transformar a Nissan em subsidiária, o que não foi aceito.
O grupo formado por Renault, Nissan e Mitsubishi, sexto maior conglomerado automotivo mundial, viu suas vendas atingirem 5.205.122 veículos em 2024. Sem parceiros, a Honda emplacou 3.814.554 unidades no mesmo período.
Desafios futuros
Em novembro de 2024, a Nissan entrou em “modo de emergência” e buscava um investidor para sobreviver aos próximos 14 meses. Com a redução da participação da Renault, a situação da marca se complicou.
A aliança entre Nissan e Honda não se concretizou, deixando a montadora em uma corrida contra o tempo para estabilizar suas operações.