Elétricos mais caros? Governo quer aumentar impostos de carros montados em CDK no Brasil
Governo analisa reajustes no imposto de importação de veículos montados em CKD, impactando especialmente fabricantes chinesas.
O governo brasileiro está avaliando a possibilidade de elevar a alíquota dos impostos sobre veículos importados em CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi-Knocked Down). O novo percentual, que poderia atingir 35%, se aplicaria principalmente às montadoras chinesas que operam no país. Os valores atuais, de 18% e 16%, são válidos até 2028, mas a revisão pode ocorrer antes disso.
A iniciativa vem após a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) solicitar a retomada do imposto de importação de 35% para carros híbridos e elétricos. Se aprovada, a medida impactará veículos eletrificados produzidos no Brasil com componentes pré-montados no exterior.
Isso afetará empresas como BYD em Camaçari, e GWM em Iracemápolis, além da Caoa Chery e Comexport. O impacto seria significativo, dado que essas marcas utilizam esse arranjo para otimização de custos e logística.
Impacto nas montadoras chinesas
As fabricantes chinesas representam um segmento crescente no Brasil. Empresas como BYD e GWM têm investido em unidades fabris no país, atraídas pelas vantagens fiscais dos arranjos CKD e SKD. A Caoa Chery, por exemplo, já monta veículos em Anápolis desde 2018.
Além delas, a Comexport, que adquiriu a antiga fábrica da Troller em Horizonte, está estruturando parcerias para montagem de kits. As negociações, no entanto, ainda não foram finalizadas. Marcas como Omoda, Jaecoo e Neta mostraram interesse, impulsionando o setor.
Os sistemas CKD e SKD oferecem flexibilidade logística e custos reduzidos. Esses arranjos simplificam o processo de montagem, exigindo menos investimento. Assim, permitem ajustes na produção conforme a demanda do mercado, sem a necessidade de extensa nacionalização.
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Aumento do imposto de importação
O pedido de aumento do imposto sobre CKDs e SKDs complementa a estratégia defendida pela indústria desde 2023. Representada pela Anfavea, a indústria automotiva visa fortalecer a produção nacional, em meio à presença crescente de marcas estrangeiras.
Jan/2024 | Jul/2024 | Jul/2025 | Jul/2026 |
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Híbridos: 12% | 25% | 30% | 35% |
Híbridos plug-in: 12% | 20% | 28% | 35% |
Elétricos: 10% | 18% | 25% | 35% |
Enquanto a Anfavea argumenta a favor do aumento para proteger a indústria nacional, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) critica a medida. Para a ABVE, isso representaria uma quebra de regras, já que as condições atuais foram estabelecidas para promover o mercado de veículos elétricos.
Essa discussão reflete tensões similares vistas em outros países, como Estados Unidos e Europa. O futuro da política de importação brasileira pode definir o rumo do mercado automotivo e a competitividade das marcas estrangeiras no país.