Entenda por que os carros ficaram mais caros na pandemia e não devem baixar

Levantamento mostra que o preço médio dos veículos novos mais vendidos do Brasil quase dobrou em cinco anos.

Em apenas cinco anos, o preço médio dos carros de passeio novos mais vendidos do Brasil quase dobrou, subindo de R$ 70.877 (2017) para R$ 140.150 (2022). Os resultados da pesquisa feita pela Jato Dynamic preocupam o consumidor que aguarda desde o início da pandemia para comprar um veículo zero-quilômetro.

Agora, passada a crise sanitária mundial, muitos motoristas se questionam quando os automóveis voltarão a ficar mais baratos. Para a infelicidade de muitos, a resposta possivelmente é “nunca mais”.

A alta acelerada nos preços dos carros em tão pouco tempo é resultado, em parte, da escassez de componentes e matérias-primas durante a pandemia, quando os materiais ficaram mais caros e disputados. Aço, alumínio, vidro e outras commodities precificadas em dólar tiveram uma forte inflação e ampliaram esse efeito.

A estratégia das montadoras foi priorizar modelos com uma margem maior de lucro em detrimento do volume de produção.

Novas exigências transformam o mercado

Muitos esperavam que a situação iria se normalizar com o passar dos anos, mas os preços continuam nas alturas. Segundo Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, o motivo é que novas exigências governamentais também surgiram junto com o aumento no custo das matérias-primas.

“Quando os airbags e os freios ABS passaram a ser obrigatórios, por exemplo, alguns carros deixaram de ser produzidos, como o antigo Uno. O mesmo acontece com as exigências atuais. Temos determinações do Proconve, em relação a emissões, e medidas de segurança como controle de estabilidade. Colocar equipamentos caros em veículos baratos dá um forte impacto nos preços, não à toa os carros de entrada do mercado brasileiro partem de R$ 70 mil, o que era impensável há poucos anos atrás”, explicou o especialista.

Para as fabricantes, não vale mais a pena continuar apostando em volume, ou seja, lucrando pouco com veículos baratos para compensar a quantidade de vendas. Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards, explica que o novo modelo é vender menos e lucrar mais.

“A falta de componentes para a construção dos carros piorou a situação, já que as montadoras investiram em uma produção grande de veículos e não conseguiram finalizá-los. Como a indústria estava sem volume de carros para vender e rentabilizar o negócio, precisou apostar em veículos com maior valor agregado, que são mais rentáveis. Isso deixa os automóveis populares de lado no portfólio de vendas”, detalhou.

“A maioria esmagadora das vendas no programa de governo para incentivar a compra do carro zero foi de veículos de até R$ 80 mil. É muito claro que tem uma demanda reprimida de carros mais baratos. Mas não há previsão que as montadoras voltem a produzi-los. A proposta agora é em maior valor agregado e maior margem de rentabilidade”, concluiu Bacellar.

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