Fim do acordo de US$ 60 bilhões! Nissan ‘pula fora’ da fusão com a Honda
Nissan encerra discussões de fusão com Honda, gerando incertezas sobre sua reestruturação. Ações caem mais de 4% em Tóquio, enquanto Honda tem alta de 8%.
Em uma reviravolta inesperada, a Nissan decidiu pôr fim às negociações de fusão com a concorrente Honda. O acordo, que poderia criar a terceira maior montadora global, estava avaliado em mais de US$ 60 bilhões.
A decisão de dar um passo atrás ocorre em meio a crescentes discordâncias entre as duas empresas japonesas. A notícia do rompimento foi divulgada nesta quarta-feira, 5 de janeiro, e impactou fortemente o mercado.
As ações da Nissan despencaram mais de 4% na bolsa de Tóquio, enquanto as da Honda subiram mais de 8%, refletindo o alívio dos investidores. As divergências internas eram evidentes, especialmente após a proposta da Honda de converter a Nissan em subsidiária.
Os rumores sobre a fusão surgiram em dezembro, quando as duas montadoras anunciaram o plano de unir forças. O objetivo era fortalecer suas operações em um mercado cada vez mais competitivo, enfrentando a pressão crescente de fabricantes de veículos elétricos, como a chinesa BYD.
Desdobramentos do rompimento
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A Nissan enfrenta agora o desafio de seguir com seu plano de reestruturação sem o apoio da Honda. A empresa já está no processo de cortar 9 mil postos de trabalho e reduzir sua capacidade global em 20%. A renúncia ao acordo levanta dúvidas sobre a capacidade da Nissan de avançar sozinha, sem apoio externo.
Embora a Honda tenha visto suas ações subirem, a Nissan precisa se preocupar com a reação do mercado. A montadora francesa Renault, parceira da Nissan, expressou abertura para a fusão. Ambas as empresas, Nissan e Honda, planejam fazer anúncios conjuntos sobre o futuro da parceria em fevereiro.
Dificuldades geopolíticas e tarifas
Além das divergências internas, a Nissan ainda enfrenta incertezas externas, como possíveis tarifas dos Estados Unidos. Essas tarifas podem impactar mais a Nissan do que a Honda ou a Toyota, agravando ainda mais a situação da empresa no cenário global.
Vincent Sun, analista da Morningstar, destacou que os investidores estão cada vez mais preocupados com o futuro da Nissan. A pressão por tarifas entre EUA e México pode significar riscos adicionais para a montadora japonesa.
Fusão cancelada: e agora?
A questão do controle parece ter sido um ponto crítico para a Nissan. Analistas, como Christopher Richter da CLSA, enfatizam que a Nissan resistiu à ideia de tornar-se subsidiária.
Sem controle total, a Honda decidiu recuar. A Mitsubishi Motors, outra parceira da Nissan, também pode desistir de se juntar à fusão.
Com a fusão cancelada, resta à Nissan encontrar novos caminhos para superar sua atual crise e adaptar-se à pressão do mercado de veículos elétricos. A expectativa agora é de como a empresa redirecionará suas estratégias nos próximos meses.