Ford no Brasil: por que a montadora disse adeus ao país?

Encerramento da produção nacional ocorreu em janeiro de 2021, mais de 100 anos após a instalação da primeira planta da montadora no Brasil.

A Ford é um nome que virou sinônimo de tradição no Brasil, especialmente considerando que ela foi a primeira marca a instalar uma fábrica de veículos no país, em 1919. Devido a esse sucesso, a decisão da montadora de encerrar sua produção nacional em 2021 pegou muita gente de surpresa, em especial os milhares de funcionários das plantas fabris.

Na época, a empresa afirmou que a decisão foi tomada:

“À medida que a pandemia de Covid-19 ampliou a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”. Em carta aos concessionários, ela citou a insustentabilidade de ter suas necessidades de caixa supridas pela matriz dos Estados Unidos, além da desvalorização das moedas na região, que “aumentou os custos industriais além de níveis recuperáveis”.

Será que a situação da Ford é um caso isolado? O que está por trás da decisão da marca de abandonar completamente a produção em solo brasileiro após mais de 100 anos de tradição?

Por que a Ford deixou o Brasil?

Foto: Tada Images/Shutterstock

Hoje, mais de três anos após o anúncio de fechamento das fábricas no Brasil, o cenário traz à luz alguns pontos importantes que certamente pesaram na decisão da fabricante norte-americana. Um deles é o cenário tributário adverso, resultado de uma das cargas tributárias mais altas do mundo, que empurra empresas para fora do país.

O setor automotivo nacional também sofre com uma complexa estrutura de custos, o que eleva os preços para o consumidor final e dificulta o acesso a novos veículos. Por aqui, cerca de 35% do valor do produto é destinado ao pagamento de impostos.

A título de comparação, um Toyota Corolla vendido nos Estados Unidos custa cerca de US$ 27.900, ou R$ 140 mil na conversão direta sem impostos. O mesmo modelo no mercado brasileiro parte de R$ 185 mil, acréscimo que vem dos tributos. Mais do que afastar o comprador, a carga tributária excessiva expulsa novos interessados e reduz a competitividade.

Outros fatores que precisam ser citados são os problemas com a falta de infraestrutura e o custo de produção elevado, que possivelmente entraram na conta da Ford antes da decisão final. Tudo isso ilustra a necessidade urgente de reformas tributárias e mais investimentos para a revitalização do setor automotivo nacional.

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