Gasolina com 35% de etanol? Entenda a proposta que pode mudar o que você abastece
Proposta de Hugo Motta para aumentar o etanol na gasolina visa fortalecer a indústria de biocombustíveis.
O debate sobre a mistura de etanol na gasolina volta a ganhar destaque no cenário político e energético brasileiro. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu nesta segunda-feira (20) um novo aumento no percentual de etanol anidro presente na gasolina, elevando o atual índice de 30% para 35%.
A proposta foi apresentada durante a abertura da 25ª Conferência Internacional sobre Açúcar e Etanol, organizada pela Datagro, em São Paulo, e tem como objetivo fortalecer ainda mais a indústria de biocombustíveis nacional.
“Hoje já temos 30% da mistura da gasolina com etanol e vamos lutar para que avancemos aos 35%, o que, sem dúvida, fortalecerá ainda mais o setor de biocombustíveis do nosso país”, afirmou Motta durante o evento.
Avanço recente na política energética brasileira
Desde 1º de agosto de 2024, o Brasil já opera com 30% de etanol misturado à gasolina, após decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
A medida aumentou o percentual anterior, que era de 27%, e também ajustou a mistura do biodiesel, que passou de 14% para 15%.
Essas mudanças representam parte da estratégia do governo para reduzir a dependência do petróleo e estimular fontes de energia renovável.
Além de fortalecer a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, a elevação da mistura também está alinhada às metas de descarbonização e à busca por alternativas mais limpas e sustentáveis no setor de transportes.
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Benefícios econômicos e ambientais
Na ocasião do anúncio da nova mistura, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, destacou que o aumento da proporção de etanol pode gerar redução de até R$ 0,11 por litro no preço final da gasolina. O ganho viria tanto do menor uso de derivados de petróleo quanto do estímulo à competitividade interna dos biocombustíveis.
Segundo Mendes, a medida também torna o Brasil menos vulnerável às oscilações internacionais do mercado de energia, especialmente diante de tensões geopolíticas, como a guerra no Oriente Médio, que tem elevado os custos do petróleo no mercado global.
O governo ainda ressalta que o uso ampliado de etanol contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, um dos pilares das políticas ambientais brasileiras e do Programa Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).
Perspectivas e desafios da proposta
Apesar do entusiasmo do setor, ainda não há estudos técnicos que avaliem a viabilidade imediata de elevar a mistura para 35%.
Especialistas afirmam que será necessário analisar impactos na performance dos motores, custos de adaptação e a capacidade produtiva das usinas de etanol para atender à demanda ampliada.
Mesmo assim, a fala de Hugo Motta sinaliza uma tendência de valorização dos biocombustíveis como peça estratégica para o futuro energético do Brasil.
Caso o projeto avance, o país poderá reforçar sua posição como líder mundial em energia renovável, reduzindo custos, emissões e dependência de combustíveis fósseis.