Nem Japão nem EUA: Brasil é o país que mais confia em carros chineses, diz pesquisa

Estudo aponta que o Brasil lidera a aceitação de marcas chinesas no setor automotivo, superando outros mercados globais.

O mercado automotivo brasileiro está passando por uma verdadeira revolução, e os números comprovam isso. Uma nova pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) revelou que o Brasil é o país mais receptivo aos carros chineses fora da China, com uma impressionante taxa de 36% de aceitação entre os consumidores entrevistados.

O estudo indica que a presença de marcas como BYD, GWM e Chery não é apenas uma tendência passageira, mas um movimento sólido que vem transformando o comportamento dos compradores e o próprio futuro da mobilidade no país.

Carros chineses da BYD já se tornaram populares em solo nacional (Foto: Shutterstock)

Carros chineses ganham espaço e confiança entre os brasileiros

Segundo o levantamento do BCG, realizado com mais de 9 mil consumidores em dez países, a atitude positiva em relação aos veículos chineses está em clara ascensão.

Esse avanço ocorre em um momento estratégico: somente nos primeiros nove meses de 2025, a China exportou 4,95 milhões de veículos, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior.

A expansão reforça o papel do país como um dos protagonistas globais no setor automotivo, especialmente no segmento de carros elétricos (EVs).

O destaque brasileiro, entretanto, chama a atenção. De todos os países pesquisados, o Brasil foi o mais aberto aos carros de origem chinesa, superando inclusive outras economias emergentes.

Para 36% dos entrevistados brasileiros, adquirir um veículo chinês é uma possibilidade real e atrativa, um índice bem acima da média mundial.

Por que o Brasil é o país mais receptivo aos carros chineses?

A alta aceitação no Brasil não é coincidência. Três fatores explicam esse fenômeno:

  1. Ausência de montadoras nacionais dominantes: o Brasil não possui uma indústria automotiva local de grande porte, o que o torna naturalmente mais aberto à entrada de novos competidores.
  2. Busca por custo-benefício: o consumidor brasileiro é sensível ao preço e valor agregado, e as marcas chinesas oferecem tecnologia avançada a preços mais competitivos.
  3. Investimentos locais sólidos: empresas como BYD, Great Wall Motor (GWM) e Chery já instalaram (ou estão instalando) fábricas no país, fortalecendo a confiança e o suporte pós-venda.

Esses fatores se combinam para criar um ambiente favorável à expansão chinesa, com uma base de consumidores mais dispostos a experimentar novas marcas e tecnologias.

Contraste global: resistência nos EUA e cautela na Europa

Enquanto o Brasil lidera em aceitação, outros mercados mostram resistência. Nos Estados Unidos, apenas 7% dos entrevistados considerariam comprar um carro chinês, reflexo direto das tensões geopolíticas e das altas tarifas de importação impostas pelo governo norte-americano.

Na Europa, o cenário é intermediário: o interesse varia entre 10% e 20%, de acordo com o país. Contudo, o BCG destaca um grande potencial de crescimento, já que as marcas chinesas ainda representam apenas 4% do mercado europeu.

Para conquistar espaço, as montadoras precisarão investir em infraestrutura local, assistência técnica e estratégias de confiança junto ao consumidor europeu.

Brasil na vanguarda da transformação automotiva

Com consumidores cada vez mais abertos à inovação, o Brasil se posiciona como um laboratório estratégico para o avanço das montadoras chinesas.

Em um momento em que a lealdade às marcas tradicionais diminui e os motoristas mais jovens buscam novas opções tecnológicas e sustentáveis, o país desponta como um dos mercados mais promissores do mundo.

O futuro da mobilidade elétrica e acessível pode estar sendo desenhado agora, e o Brasil, ao que tudo indica, está na linha de frente dessa transformação global.

você pode gostar também