Por que os carros são tão caros no Brasil? É assim no resto do mundo?

Fatores que influenciam nos preços dos automóveis vão desde os impostos até as regras de emissões de poluentes.

O aumento nos preços dos veículos é uma tendência global, embora o brasileiro sofra mais com ele do que os cidadãos de países com maior poder de compra. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de modelos que custavam menos de 20 mil dólares caiu de 12 para apenas um nos últimos cinco anos.

Segundo levantamento da consultoria KBB, somente o Mitsubishi Mirage ainda estava dentro dessa faixa de preço no país norte-americano em 2023, quando custava US$ 19.205.

Alguns motivos para a alta dos preços dos carros nos EUA são semelhantes aos do Brasil, como os novos limites para a emissão de poluentes. As fabricantes realmente ganham muito dinheiro com a produção e venda de automóveis, mas o lucro das empresas está longe de ser a única explicação para os preços altos. Por aqui, as razões são mais amplas e envolvem questões como o avanço da inflação, o câmbio e a logística.

Motivos dos preços altos

A primeira grande explicação para os valores dos automóveis no Brasil é a carga tributária, ou seja, os impostos. Aqui, R$ 40 de cada R$ 100 gastos pelos compradores correspondem aos tributos, enquanto nos EUA há um único imposto de 8%.

Outra questão é a inflação, caracterizada pelo aumento geral nos preços dos produtos e serviços. Ela não afeta apenas o valor dos componentes, mas também os gastos com logística, principalmente porque boa parte do transporte no país é feita por meio da malha rodoviária e está sujeita à variação dos combustíveis.

Nesse sentido, vale citar a valorização do câmbio, uma vez que muitos produtos são pagos em dólar. Entre maio de 2019 e os dias atuais, a moeda norte-americana valorizou 33,6%, passando de R$ 3,87 para R$ 5,17.

Além das razões citadas, é impossível deixar de mencionar as novas exigências relacionadas à emissão de poluentes, que demandam das montadoras o investimento em equipamentos e tecnologias mais eficientes. Outro custo extra vem da obrigatoriedade de equipamentos de segurança em carros novos, como freios ABS e airbags.

Há ainda outras duas explicações relevantes para os preços dos carros no Brasil: a escala e a rentabilidade. A partir de 2013, muitas marcas investiram bilhões na produção nacional, mas o mercado brasileiro encolheu e não houve demanda suficiente para atender à grande oferta.

Por fim, o sumiço geral dos carros “populares” faz parte de uma nova estratégia das montadoras de apostar em rentabilidade em detrimento de volume. Isso significa que elas preferem cobrar mais caro por um exemplar do que vender várias unidades com uma margem de lucro menor.

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