Quilometragem fantasma: o que é, como afeta o motor e como evitar prejuízos

Saiba como o tempo parado no trânsito pode desgastar o motor do seu carro mais do que você imagina e como evitar problemas futuros.

Você já parou para pensar que o trânsito intenso pode estar desgastando o motor do seu carro mesmo quando o hodômetro não mostra nenhum quilômetro rodado?

Esse fenômeno, conhecido como “quilometragem fantasma”, é mais comum do que parece e pode causar prejuízos silenciosos ao veículo, especialmente para quem enfrenta congestionamentos diários nas grandes cidades.

O que é a quilometragem fantasma?

A chamada quilometragem fantasma ocorre quando o motor do carro permanece ligado, queimando combustível e movimentando o sistema de lubrificação, enquanto o veículo está parado. Em outras palavras, o carro está “trabalhando”, mas o painel não registra nenhum aumento na quilometragem.

Pense naquelas longas filas de trânsito no fim do dia: o motor continua em funcionamento, o óleo circula e esquenta, a ventoinha liga e desliga repetidamente, mas o marcador de quilômetros permanece congelado.

Esse tempo de uso não contabilizado pelo hodômetro significa que o carro sofre desgaste sem que o motorista perceba, criando uma falsa sensação de que o veículo está sendo pouco utilizado.

‘Quilometragem fantasma’ causa desgaste no motor e aumenta os custos de manutenção (Foto: iStock)

Por que o trânsito causa tanto desgaste no motor?

O motor de combustão interna foi projetado para operar em rotações constantes, com fluxo contínuo de ar para o resfriamento, como ocorre nas estradas.

Já no trânsito pesado, o cenário é completamente diferente: o carro fica em marcha lenta e o ar circula de forma limitada, o que faz com que a temperatura do motor suba rapidamente.

Em veículos manuais, o motorista ainda mantém o pé na embreagem com frequência, o que acelera o desgaste do sistema de embreagem.

Já nos automáticos, o câmbio sofre com o constante “anda e para”. O resultado é um uso severo que não aparece no hodômetro, mas afeta diretamente a durabilidade dos componentes internos.

Componentes mais afetados pela quilometragem fantasma

Mesmo sem rodar efetivamente, o carro passa por desgaste mecânico e térmico. Entre as partes mais prejudicadas estão:

  • Óleo do motor: esquenta acima do ideal, perde viscosidade e se contamina mais rápido.
  • Sistema de arrefecimento: trabalha sob pressão, com a ventoinha funcionando quase o tempo todo.
  • Velas e bicos injetores: a marcha lenta constante pode causar carbonização e falhas de ignição.
  • Transmissão: o esforço repetido no trânsito sobrecarrega o câmbio automático e o conversor de torque.

Esses fatores explicam por que alguns carros que rodam pouco, mas passam muito tempo ligados no trânsito, envelhecem mais rápido do que o hodômetro indica.

Como evitar prejuízos e prolongar a vida útil do carro?

A principal dica é revisar o carro com mais frequência. O manual do proprietário costuma classificar o trânsito intenso como “uso severo”, exigindo intervalos menores de manutenção.

Se a recomendação da montadora for de revisão a cada 10.000 km ou 12 meses, reduza esse prazo pela metade — faça a troca de óleo e as checagens gerais a cada 5.000 km ou 6 meses, o que ocorrer primeiro.

Sempre que possível:

  • Evite longos períodos em marcha lenta;
  • Use óleos e filtros de qualidade, seguindo as especificações do fabricante;
  • Monitore a temperatura do motor e evite sobrecargas desnecessárias.

Um cuidado invisível, mas essencial

Assim como aviões medem manutenção por horas de voo, os carros deveriam considerar o tempo de funcionamento do motor, e não apenas os quilômetros rodados. Enquanto isso não acontece, cabe ao motorista reconhecer que o tempo parado também conta como desgaste real.

Ignorar a quilometragem fantasma pode significar gastos maiores com manutenção, perda de desempenho e até redução da vida útil do motor. Por isso, atenção: no trânsito parado, seu carro pode estar envelhecendo em silêncio.

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