Se o Brasil permite até R$ 120 km/h, por que há carros com velocidade superior?
Entenda porque alguns modelos de automóveis possuem velocidade máxima superior à permitida nas vidas do país.
Ferrari, Porsche e Lamborghini são três exemplos de marcas de luxo que produzem carros extremamente potentes, com centenas e até milhares de cavalos. Alguns modelos dessas montadoras, focadas em superesportivos, ultrapassam facilmente a velocidade máxima de 300 km/h, mais que o dobro da permitida no Brasil.
Mas, se a lei brasileira (e de outros países) estabelece que a velocidade máxima nas vias vai até 120 km/h, por que esses carros tão velozes são vendidos por aqui?
Explicações técnicas para os carros velozes
Primeiramente, é preciso entender como funciona a rotação do motor e o consumo de combustível. Nos propulsores de combustão interna, o gasto de combustível depende da rotação e de uma curva específica, na qual há um ponto em que esse consumo atinge o mínimo possível.
As montadoras buscam fazer com que a rotação de consumo mínimo seja a mais usada e semelhante à da velocidade máxima permitida por lei, sem deixar de lado a dirigibilidade do veículo em baixas rotações. Porém, essa rotação em questão não é a máxima do motor e pode levar o carro a velocidades eventualmente ilegais quando atingida.
O que temos que lembrar é que a potência pode ser necessária em situações como ultrapassagens ou em casos de perigo, como quando o condutor tem um problema de saúde e precisa sair rapidamente da pista.
Também vale pontuar que os modelos fabricados no Brasil podem ser exportados para outros países, onde a velocidade máxima permitida é superior. Existe ainda o caminho contrário, em que modelos de países “mais velozes” são exportados para cá.
Portanto, cabe ao condutor a responsabilidade de aproveitar a potência do motor com consciência, sabendo que as leis estabelecem um limite por questões de segurança.
Perigos do excesso de velocidade
Segundo dados do Infosiga-SP, sistema do Governo de São Paulo coordenado pelo Detran-SP, o estado registrou 835 mortes no trânsito entre janeiro e fevereiro deste ano. O volume representa um aumento de 13,8% em relação ao primeiro bimestre de 2023.
As mortes que envolvem apenas carros, deixando de fora motociclistas, ciclistas e pedestres, também cresceram. Foram 100 vítimas fatais em fevereiro, ante 80 no mesmo mês do ano passado, um aumento de 25%. Levando em conta o primeiro bimestre, são 217 óbitos contra 180, um acréscimo de 20,6%.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o excesso de velocidade é um dos principais causadores de acidentes com óbitos. A entidade realiza campanhas e faz alertas frequentes sobre a necessidade de respeitar os limites das vias.
“As ruas e estradas precisam ser redesenhadas para ‘perdoar o erro’. Se um carro atropela alguém a 40 km/h, há 90% de chance de sobrevivência. Já a 70 km/h, essa probabilidade cai para menos de 20%”, afirma Sergio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório Arq.Futuro de Cidades, do Insper.
E, em um atropelamento a 30 km/h, o pedestre tem 90% de chance de sobreviver. Já a 80 km/h, apenas 10%. Ou seja, um em cada dez vai morrer. Portanto, a variável fundamental que determina a morte ou a vida no trânsito é a velocidade, completa.