Seguro automotivo ficará mais caro no país após as enchentes no RS?
Tragédia que afetou mais de 1,4 milhão de pessoas deve encarecer o preço das apólices de automóveis em todo o Brasil.
As enchentes no Rio Grande do Sul resultaram em perdas para mais de 1,4 milhão de pessoas, incluindo grandes prejuízos materiais. Muitos moradores das mais de 400 cidades afetadas precisaram abandonar todos os pertences pessoais para se salvar das águas, incluindo carros e outros veículos.
Esse impacto financeiro para a população começa a ser sentido pelas seguradoras de veículos, que precisam indenizar os segurados com contratos que incluem a cobertura de danos provenientes de causas naturais. A pergunta que surge é: os seguros automotivos vão ficar mais caros no Brasil?
Para Odorico Rebelo, gerente de Seguros e Benefícios da Osten Seguros, a resposta é sim. Ele acredita que o preço das apólices de automóveis terá alta em breve em todo o país, e não apenas no estado gaúcho.
O Rio Grande do Sul não tem capacidade financeira para alocar todo esse custo gerado territorialmente. Então, certamente, isso deve desencadear uma readequação nos prêmios dos seguros em âmbito nacional, afirma.
Ainda é difícil calcular com precisão o tamanho do aumento, mas o especialista estima algo a partir de dois pontos percentuais, já a partir de julho. O prazo apertado reflete o calendário das seguradoras, que realizam balanços trimestrais. Outro ponto é que o volume de sinistros no fim de junho dará uma visão mais precisa do prejuízo real no estado.
Precificação dos seguros
As seguradoras se baseiam no princípio do mutualismo para fixar o preço de suas apólices, explica Rebelo. “Na prática, isso significa que todos pagam para que apenas alguns utilizem o serviço. As seguradoras têm uma capacidade financeira para subsidiar esses eventos; no entanto, em casos de catástrofe, perdem o lastro.”
Portanto, toda empresa de seguros tem uma resseguradora por trás, com atuação global, para se responsabilizar pelos riscos, ou seja, as primeiras apenas repassam os custos para os clientes.
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) estima que os donos de 8.216 veículos inundados já acionaram a cobertura e cerca de R$ 557 milhões serão desembolsados pelas empresas. Esse valor preliminar pode chegar a R$ 8 bilhões, um recorde na história do setor.