Nova mistura do diesel ainda não é obrigatória, mas já causa prejuízos

Entidades e empresas do setor realizam pesquisas para demonstrar que a nova mistura causa borra no motor dos veículos.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresentou ao governo um estudo sobre o impacto, para a atividade transportadora, do aumento da quantidade de biodiesel na mistura do diesel. Limitado a 10% em 2022, o teor hoje chega a 14%, conforme determinação do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).

A implementação da política tem causado problemas desde que foi anunciada. Embora tenha sido criada como parte de um pacote de ações para a transição energética nacional, a alteração na composição é considerada prejudicial para as empresas.

Durante reunião em Brasília, a Confederação solicitou ao governo que condicione o aumento da mistura de biodiesel a testes de viabilidade técnica e que considere o setor de transporte durante a elaboração de novas políticas.

Entendemos que é necessário ampliar o debate e o setor de transporte precisa ser ouvido. Temos trabalhado com dados técnicos e testes que comprovam que teores acima de 10% aumentam o consumo e os custos operacionais do transporte”, disse o presidente do CNT, Vander Costa.

Borra em tanques, filtros e outras peças

A entidade apresentou os resultados de uma pesquisa sobre biodiesel brasileiro, na qual colheu dados de 710 empresários do setor. Mais de 60% dos participantes afirmaram ter observado problemas mecânicos relacionados à nova mistura, sobretudo o aumento da frequência de troca de filtros e falhas no sistema de injeção.

A Sambaíba, companhia que atua no transporte público de São Paulo, realizou outro estudo para monitorar os tanques de seus veículos e testes para comparar diferentes teores do biocombustível. A empresa constatou a presença de borra em tanques, filtros e outros componentes quando o teor supera 10%.

Segundo os dados do estudo, o resíduo aumentou o intervalo de limpeza dos tanques de uma vez ao ano para meses alternados. Outra consequência foi a perda na potência da frota, o que elevou os custos de operação da empresa.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, acolheu as demandas da CNT. “O setor de transporte é o maior consumidor de biodiesel hoje no país e precisa ser ouvido. Precisamos tratar essa questão da transição energética com cuidado e garantir que o que está sendo definido permite ao Brasil avançar.”

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