Tabela Fipe é ‘ignorada’ e lojistas decidem cobrar até 43% a mais nos preços de usados
Mercado de carros usados registra aumentos de preços acima da tabela Fipe, com valores até 43% superiores, segundo recente análise de anúncios online.
Nas últimas semanas, uma tendência tem chamado a atenção de quem busca comprar carros usados com baixa quilometragem. A prática de pagar preços acima da Tabela Fipe tornou-se comum, especialmente em modelos premium, contrariando os padrões históricos do mercado.
A experiência de adquirir veículos seminovos era, até recentemente, positiva para muitos. Na década de 2010, era possível comprar carros como o Azera ou o Audi A1 com quilometragem baixa e preços acessíveis. No entanto, essa realidade mudou drasticamente com a recente escalada de preços.
A pandemia e, a partir de 2024, contribuíram para alterar a dinâmica do mercado automotivo. Antes, cidades menores apresentavam preços levemente superiores à Fipe. Hoje, grandes capitais também seguem essa tendência, com valores que frequentemente ultrapassam 20% a 30% da tabela.
Alterações no comportamento do mercado
Foto: Shutterstock
- A desvalorização da Tabela Fipe
A Tabela Fipe, antes referência indispensável na compra e venda de veículos, perdeu seu protagonismo. No passado, os vendedores pediam apenas 5% a 10% acima da tabela, ajustando na negociação final. Atualmente, esses valores chegaram a 20% ou mais.
- Carros com preços elevados
Exemplos são numerosos: um Mercedes C180 de 2018, com 20.000 km, tem pedido de R$ 175.000, enquanto a Fipe sugere R$ 126.000, indicando um aumento de 38%.
Modelos como Audi A4 e Volkswagen Golf GTI também acompanham essa tendência, apresentando preços bem acima do esperado. Confira abaixo:
Modelo | Quilometragem | Fipe (R$) | Preço Pedida (R$) | Percentual Acima da Fipe |
---|---|---|---|---|
Mercedes C180 2018 | 20.000 km | 126.000 | 175.000 | 38% |
Audi A4 2018 | 11.000 km | 106.000 | 144.000 | 35% |
Volkswagen Golf GTI 2019 | 33.000 km | 208.000 | 299.000 | 43% |
Desafios do mercado atual
Agora, qualquer tentativa de venda deve se alinhar à Fipe, gerando dificuldades. Carros com alta quilometragem também estão sendo anunciados como “pouco rodados”, distorcendo ainda mais o mercado.
O comportamento atual dos consumidores, que priorizam a parcela no orçamento em vez de pesquisar sobre a Fipe, perpetua essa situação. Enquanto os preços permanecerem inflacionados, a prática de manter carros por mais tempo pode se tornar uma solução viável para muitos.