Tesla aproveita incentivo fiscal do governo e bate recorde de vendas nos EUA

Tesla atinge recorde de 497 mil veículos entregues, mas enfrenta desafios e queda nas vendas futuras.

A Tesla voltou a acelerar em ritmo recorde. A montadora de Elon Musk encerrou o trimestre com 497.099 veículos entregues, o maior número de sua história, ultrapassando inclusive as projeções mais otimistas do mercado.

O feito representa um salto de 7,4% em relação ao mesmo período do ano passado e reforça o domínio global da marca no segmento de elétricos.

O desempenho veio acompanhado de um movimento estratégico de consumidores nos Estados Unidos, que anteciparam compras antes do fim do crédito fiscal federal. Esse impulso ajudou a Tesla a superar a estimativa média de 439.600 veículos compilada pela Bloomberg, consolidando um trimestre de recuperação robusta.

O reflexo nos mercados foi imediato. Em setembro, as ações da Tesla saltaram 33%, adicionando US$ 401,9 bilhões ao valor de mercado e revertendo as perdas acumuladas no início do ano.

Agora, os investidores voltam suas atenções para o balanço financeiro de 22 de outubro e para a assembleia geral anual, que poderá aprovar um pacote de remuneração bilionário para Musk — avaliado em até US$ 1 trilhão.

Resultados do trimestre e reação do mercado

A montadora reaqueceu a demanda mesmo com uma linha de produtos envelhecida e concorrência crescente. Ainda assim, o salto nas entregas refletiu compras antecipadas antes da eliminação do crédito de até US$ 7.500 nos EUA após 30 de setembro.

Consequentemente, o movimento também favoreceu a General Motors, a Ford e a Hyundai.

Os modelos Model 3 e Model Y somaram 481.166 unidades vendidas, alta de 9,4% na comparação anual. Por outro lado, Model X, Model S e Cybertruck recuaram 30%.

A Tesla distribuiu 12,5 GWh em produtos de energia, ante 6,9 GWh, e lançou um sistema de próxima geração e o Megablock, que integra armazenamento, transformador e chaveamento.

Expectativas para os próximos meses

O impulso do terceiro trimestre pode custar resultados nos meses seguintes. Musk alertou para “trimestres difíceis” após o término dos incentivos e antes do lançamento em escala dos veículos autônomos.

Ademais, a administração Trump reverteu regras de economia de combustível e emissões, reduzindo as receitas com créditos regulatórios.

Sobre o portfólio da marca, a versão mais acessível do Model Y teve sua produção iniciada em junho. No entanto, a empresa adiou o lançamento para o quarto trimestre e prevê uma aceleração de produção mais lenta do que o planejado. Assim, o modelo deve ajudar a sustentar as vendas após o fim do crédito nos EUA.

Mas os desafios se estendem além dos EUA. Na China, as remessas da fábrica de Xangai recuaram em sete dos primeiros oito meses do ano, pressionadas por BYD e Xiaomi. Já na Europa, as vendas caíram 22% em agosto, e as novas inscrições despencaram 33% no acumulado do ano.

Apesar do recorde, analistas ainda projetam o segundo ano consecutivo de queda nas vendas da Tesla. Consultados pela Bloomberg, estimam 1,61 milhão de veículos em 2025, abaixo dos 1,79 milhão do ano passado.

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