Montadoras chinesas de elétricos pressionam concorrentes no Brasil
Avanço dos modelos eletrificados ganha um bom empurrão com o novo programa de incentivo a veículos menos poluentes.
A presença das montadoras chinesas no Brasil deixou de ser uma eventual ameaça para se tornar uma real concorrência às marcas internacionais. O desenho dos próximos anos aponta para um futuro positivo para os veículos eletrificados, com o consequente crescimento de suas fabricantes asiáticas.
Somado a isso está o programa federal Mobilidade Verde e Inovação (Mover), criado para incentivar o desenvolvimento de automóveis mais sustentáveis e seguros. Ele será um grande empurrão em direção à transição da frota nacional, seja para os carros 100% elétricos ou os híbridos a combustão. Um dos benefícios do programa é a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Já o imposto de importação, que retornou no ano passado como um forte indício das preocupações com a “invasão chinesa” no país, continuará crescendo. As alíquotas, até então zeradas ou reduzidas, terão aumento progressivo até 2026, uma tentativa de acelerar a produção nacional.
O ano começou com Stellantis, General Motors, Volkswagen, Hyundai, Toyota e Mitsubishi prometendo investimentos na casa dos R$ 66,5 bilhões para os próximos anos. A primeira, detentora das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, se comprometeu sozinha com R$ 30 bilhões até 2030.
Transformação no setor
Em 2020, a Mercedes-Benz e a Toyota fecharam fábricas, e a Ford encerrou suas operações no Brasil, em um forte movimento que ilustrou o desânimo das montadoras tradicionais. Aproveitando o espaço, três marcas chinesas se fortaleceram: BYD, Great Wall Motors (GWM) e Caoa Chery.
A BYD, por exemplo, está por aqui desde 2013, mas no ano passado ganhou o título de maior montadora mundial de veículos eletrificados, com 3 milhões de unidades emplacadas. No Brasil, a marca aposta na sustentabilidade como forma de atrair compradores.
O plano da montadora é estar entre as três maiores do setor no país em até cinco anos, o que significa conquistar de 12% a 13% de participação no mercado nacional. Contudo, o atrativo preço dos carros chineses pode subir na esteira do aumento da produção local, embora deva encontrar um ponto de equilíbrio a médio prazo.
A competição em terras brasileiras não será fácil para os novos competidores, sobretudo porque o 100% elétrico e o híbrido a gasolina terão que competir com os híbridos flex. Aliás, todas as montadoras que participam do programa Mover prometeram adaptação para os híbridos flex, e os chineses terão que seguir pelo mesmo caminho.