Eletrificação mundial de carros pode levar mais tempo que o esperado pelas montadoras
Fabricantes de veículos evitam estabelecer limites e revisam suas previsões para a eletrificação da frota.
O fim dos motores a combustão parece algo bem próximo, mas a verdade é que pode levar mais tempo do que se acreditava até agora. Representantes das maiores montadoras do mundo têm revisado suas previsões e evitado falar em prazos em meio a uma situação complicada para o carro elétrico.
Nos Estados Unidos, as nevascas têm provocado filas para recarga dos automóveis. Somado ao corte dos incentivos fiscais na Alemanha, o cenário trouxe novas perspectivas para as marcas.
A expectativa inicial do mercado era encerrar a produção de motores a combustão entre 2030 e 2040 nos mercados europeu e norte-americano, rumo à eletrificação mundial. Essa previsão ambiciosa veio em resposta às leis ambientais mais severas e às denúncias de fraude em testes de emissões pela Volkswagen.
Mesmo durante a pandemia de Covid-19, que abalou os alicerces do mercado, as metas foram mantidas. Porém, atualmente, poucas montadoras ousam cravar um ano para o fim dos carros a combustão, ao passo que mantêm os investimentos em novas tecnologias.
Revisão nas expectativas
A General Motors afirmou no início da década que 100% de sua linha seria elétrica até 2035, mas a previsão já foi revisada. O grupo anunciou que vai investir R$ 7 bilhões na produção de híbridos flex para o Brasil, além de revelar planos de retomar a venda de híbridos plug-in nos Estados Unidos.
Considerando o movimento, é impossível garantir que a meta de eletrificação global será mantida pela companhia, embora sua assessoria diga que não há novidades sobre o tema.
Segundo João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios do grupo Stellantis na América do Sul, os mercados precisam criar regras mais flexíveis do que a União Europeia. “Descarregam tudo na indústria automotiva, não é algo equilibrado nem economicamente, nem socialmente”, diz.
Outra preocupação forte que pode impedir a rápida eletrificação é a estratégia comercial agressiva dos chineses, com a qual as marcas ocidentais ainda não conseguem competir no quesito preço. Para rentabilizar produtos e atender interesses, os motores a combustão deverão continuar à venda enquanto as legislações permitirem.
*Com informações da Folha de S.Paulo.