Carro novo desvaloriza 20% só de sair da concessionária. Será mesmo?

Crença popular de que um carro zero-quilômetro perde 20% de valor ao sair da loja pode estar bem equivocada.

Os defensores de carros seminovos tem entre seus principais argumentos a rápida desvalorização dos veículos novos, que segundo eles perdem 20% do valor logo que saem da concessionária. Porém, uma pesquisa recente mostrou que essa crença pode estar bem errada.

O levantamento feito pela Autoinforme revela que o Honda HR-V desvalorizou apenas 2,8% em 12 meses, ganhando o selo de maior valor de revenda entre os automóveis a combustão. O estudo analisou um total de 93 modelos no período de setembro de 2022 a agosto de 2023.

Segundo Milad Kalume, diretor da Jato Informações Automotivas, a ideia de que o carro perde 20% de seu preço apenas ao sair da loja é um exagero, mas leva em conta fatores importantes de serem mencionados.

“A análise da Autoinforme considera apenas quanto o carro custava há um ano e por quanto esse mesmo modelo é vendido hoje. Já esses ‘20%’ incluem outros valores pagos pelo comprador, como seguro, IPVA, licenciamento, seguro. Ainda assim, a perda não chega a esse percentual. O aceitável para o primeiro ano – não primeiro dia -, contando tudo isso, é de 10% a 15%. No entanto, carros com baixo volume chegam a 25%”, explica.

Máxima ultrapassada

Além de exagerada, a crença também está ultrapassada, afirma Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting. A desvalorização esperada para um carro no primeiro ano atualmente fica entre 13% e 15% do valor inicial, mais 8% em cada ano seguinte. Contudo, essa estimativa está um pouco deturpada no cenário atual porque o preço dos carros disparou.

“A gente passou por eventos muito diferentes, que foram a pandemia e o programa de incentivos do governo. Isso bagunçou demais a escala de preços. O que aconteceu durante a pandemia é que todos os carros aumentaram expressivamente, os preços subiram 27% acima da inflação. O preço do usado segue o aumento do novo. Tanto que vimos veículos usados com valor de venda mais altos que o zero-quilômetro. Quando você pega veículos com ótima aceitação no mercado, eles têm uma desvalorização menor”, avalia.

A influência nos preços dos seminovos também é resultado da queda na produção automobilística em 2021 e 2022, quando faltou veículo no mercado. A alta demanda fez os valores subirem, mas a tendência é de estabilização nos próximos anos.

Desvalorização média

Os veículos a combustão vencedores de suas categorias na pesquisa da Autoinforme desvalorizaram entre 4,3% e 11,6% em um ano, exceto o HR-V e Porsche Cayenne, que perderam apenas 2,8% e 3,5%, nessa ordem. Kalume atribui o processo à imagem da marca.

“Esses carros japoneses têm mecânica simples, testada e confiável. Por isso, têm baixíssima manutenção, o que melhora o valor de revenda. Sem falar em uma rede de concessionárias sólida e, no caso do HR-V, um design que atrai bastante o público”, pontua.

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