É hora de vender seu carro usado? Preço dos zero km começa a cair
Mercado de veículos usados sentirá em breve o impacto da queda nos preços dos modelos novos. Saiba o que esperar.
A maioria dos motoristas ainda se lembra da disparada dos preços dos carros novos durante a pandemia, quando a falta de componentes levou o mercado de zero-quilômetros a uma situação bastante complicada. O resultado foi o aquecimento do segmento de seminovos e usados, que valorizaram em um ritmo inédito.
Alguns compradores conseguiram vender automóveis com um ou mais anos de uso por preços superiores ao valor pago na compra. A situação melhorou um pouco desde o auge da crise sanitária, e agora está quase se invertendo.
Atualmente, os preços dos carros novos estão em queda e quem planeja vender o usado precisa acelerar. O corte começou com a estreia dos elétricos, mas os modelos a combustão já entraram na onda e os especialistas preveem a chegada do movimento aos usados.
Segundo Enilson Sales, presidente da Fenauto (Federação dos Revendedores de Veículos Usados), o valor dos usados deve começar a cair em até três meses.
“Quando o preço dos carros zero-quilômetro começa a cair significa que tem mais oferta do que procura. Quem precisa vender o carro usado vai sofrer com a concorrência do novo, principalmente entre os modelos de zero a três anos. Ou seja, o preço desses modelos também cair. Por isso, quem está pensando em fazer a troca deve agir rápido: vender logo o usado – enquanto os valores não foram afetados – e aproveitar o desconto do novo”, explica o especialista.
Impacto dos eletrificados
As discussões sobre o impacto dos elétricos e híbridos no mercado automotivo são gerais, uma vez que as montadoras do mundo inteiro correm contra o tempo para produzir um elétrico abaixo de 20 mil dólares e bater de frente com as fabricantes chinesas. A Tesla, por exemplo, reduziu sua tabela para competir com a BYD.
Na visão de Carlos Tavares, CEO global da Stellantis, a disputa “será uma corrida para o fundo do poço e isso terminará em banho de sangue”. Essa é uma referência à redução das margens de lucro das marcas.
O cenário também deve mudar no Brasil. “A ameaça de preço existe. O ticket médio de carros novos no Brasil é de R$ 148 mil. Com certeza, a presença desses veículos na faixa de R$ 100 mil afeta os modelos a combustão e devem afetar o seu preço”, diz o consultor automotivo Cássio Pagliarini, da Bright Consulting.
Ainda que a sustentabilidade dos carros elétricos e híbridos não tenha apelo para todos os consumidores, muitos se voltam para o segmento por conta da tecnologia embarcada, afirma Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards.
“O GWM Haval e o BYD Song Plus brigam com carros entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. No fim do dia, o mercado consumidor é o mesmo, não importa se seja híbrido ou a combustão. Quanto mais competitivos esses novos carros ficarem, mais o mercado como um todo terá que se adaptar. É claro que a queda de preço vai chegar”, completa.
Com informações do UOL.