Não é recomendado carregar bateria de carro elétrico até 100%: descubra por quê

Estudo publicado no 'Journal Of Electrochemical Society' revela se prática pode ou não danificar as células LFP.

O universo dos carros eletrificados ainda é um mistério para muitos motoristas, que, ao se disporem a comprar um modelo com essa tecnologia, precisam aprender algumas coisas novas. Uma delas é o jeito certo de carregar o veículo para garantir a durabilidade da bateria.

A Tesla diz que o proprietário deve carregar a bateria de fosfato de ferro-lítio (LFP) a 100% pelo menos uma vez por semana, enquanto a Ford afirma que o processo precisa ser realizado no mínimo uma vez por mês.

Elas garantem que isso auxilia na calibração do pacote, permite uma leitura de alcance mais precisa, preserva a saúde do componente e evita a queda no desempenho.

Mas será que essa recomendação é mesmo a melhor maneira de prolongar a vida útil da bateria?

Foto: Shutterstock

Saúde da bateria LFP se degrada com carga total

Um estudo recente publicado no ‘Journal of Electrochemical Society’ contraria totalmente as recomendações das marcas sobre os padrões de carga das baterias LFP. Os pesquisadores afirmam que ciclos de carga repetidos em um estado de carga mais alto podem degradar as células LFP.

Em outras palavras, carregar a bateria até 100% pode reduzir sua capacidade com o passar do tempo.

Segundo a pesquisa, manter baterias LFP totalmente carregadas estimula o surgimento de compostos nocivos a partir da alta voltagem e do calor.

À medida que o ciclo se completa com frequência (o carro descarrega e carrega completamente), esses componentes se juntam ao eletrodo negativo, consomem lítio e provocam degradação.

“Em SoC [estado de carga] mais alto, há voltagem mais alta, e as reações negativas recorrentes dentro do eletrólito são aceleradas, consumindo o estoque de lítio”, explicam os autores do estudo.

Afinal, como carregar a bateria do carro corretamente?

Caso o condutor não precise dirigir seu veículo elétrico por algum tempo, a recomendação é deixar a bateria em um estado de carga mais baixo, já que a voltagem reduzida não causa danos a longo prazo.

“Ciclar perto do topo da carga (75-100% SoC) é prejudicial para células LFP/grafite. Nossos resultados mostram uma correlação entre o SoC médio da operação da bateria e a taxa de desbotamento da capacidade, o que significa que quanto menor o SoC médio, maior a vida útil”, diz a pesquisa.

“Portanto, o tempo gasto ‘pedalando’ em altos estados de carga é essencial para minimizar”, recomenda.

O estudo também afirma que um ciclo de carga de 0 a 25% prolonga a vida útil da bateria, mas a prática é inconveniente para usuários comuns, especialmente para quem depende do carregamento público.

“Não é realista recomendar ciclar células LFP somente entre 0% e 25% SoC, porque isso é um desperdício de capacidade”, pontuam os pesquisadores.

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