Não é só pisar fundo: pesquisa revela o comportamento ao volante que traz mais perigo que velocidade
Levantamento aponta a principal ameaça no trânsito e dados oficiais reforçam o alerta.
O maior inimigo do volante não é mais o álcool nem o pé pesado: é o celular. Um levantamento da Sem Parar revelou que o smartphone virou o novo “vilão” das ruas brasileiras, tomando o posto das causas clássicas de acidentes.
O dado ganhou repercussão durante a Semana do Trânsito, em setembro, e acendeu o alerta sobre os reflexos da hiperconectividade ao dirigir.
Segundo a pesquisa, 76% dos entrevistados apontaram o uso do celular como o principal fator de risco no trânsito. Em paralelo, 44% ainda associam a criminalidade ao maior problema enfrentado pelos motoristas.
Essa inversão de percepções mostra como a distração digital vem se tornando uma ameaça silenciosa, porém constante.
A distração que gera riscos
O hábito de checar mensagens, redes sociais ou aplicativos de navegação durante o trajeto já se consolidou como um comportamento cotidiano.
Especialistas alertam que bastam segundos de distração para transformar uma viagem comum em tragédia, reforçando a necessidade de campanhas educativas e punições mais severas.
Os números derrubam a visão de que apenas velocidade e álcool matam. Motoristas admitem que notificações desviam a atenção por segundos críticos. Assim, o hábito de dirigir e digitar se dissemina, mesmo com recursos hands-free nos carros modernos.
Conectividade: promessa e armadilha
Montadoras integraram centrais multimídia para reduzir manipulações manuais de eletrônicos. No entanto, a facilidade de parear o telefone criou outra porta de entrada para distrações, do GPS ao chat.
Assim, a tecnologia que deveria mitigar riscos incentiva interações desnecessárias durante a condução.
Efeitos sobre reação e controle do veículo
Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, olhar a tela pode ampliar em até 50% o tempo de reação em manobras de emergência. Consequentemente, frenagens tardias e desvios mal calculados elevam o risco de colisões traseiras e atropelamentos.
Até a simples vibração, aparentemente inofensiva, já compromete a atenção.
A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego classifica o uso do celular ao volante como a terceira maior causa de acidentes no país. Por sua vez, o excesso de velocidade e a condução sob efeito de álcool seguem entre os principais fatores que agravam o quadro.
Leis e penalidades no Brasil
O Código de Trânsito Brasileiro diferencia comportamentos e multas. Enquanto falar ao telefone com o aparelho na orelha configura infração média, operar o aparelho durante a direção é enquadrado como infração gravíssima. Os valores impactam o bolso e o prontuário do condutor.
- Celular na orelha: infração média, com multa de R$ 130,16.
- Usar o celular enquanto dirige: infração gravíssima, com multa de R$ 293,47.
Caminhos para reduzir o risco
Educação contínua, fiscalização inteligente e comunicação clara podem inverter a curva.
Empresas e governos devem promover ambientes de direção livre de notificações, com bloqueios automáticos e mensagens assíncronas. Assim, a atenção plena volta ao centro da segurança viária.
Até lá, a decisão individual pesa. Motoristas que priorizam a via, guardam o aparelho e planejam a rota antes de sair, reduzem riscos imediatos. Por fim, os dados divulgados reforçam que a consciência vale mais do que qualquer atalho digital.