Volkswagen pode fechar 2 fábricas tradicionais e colocar milhares na rua

Montadora alemã avalia o encerramento das atividades em duas plantas para cortar bilhões em custos.

A gigante do setor automotivo Volkswagen informou que avalia o fechamento de duas fábricas na Alemanha, país onde está sediada. Os planos ilustram a crise vivida pela empresa desde a transição de combustão para eletricidade, sobretudo desde o surgimento da concorrência chinesa.

“A situação é extremamente tensa e não pode ser resolvida por meio de medidas simples de corte de custos”, explicou Oliver Blume, presidente-executivo da Volkswagen.

Em comunicado, a montadora declara que pretende fechar “pelo menos uma fábrica maior de veículos e uma fábrica de componentes na Alemanha”. Se isso se confirmar, estes serão os primeiros encerramentos no seu país natal em 87 anos de existência.

VW quer economizar 10 bilhões até 2026

As medidas adotadas pela companhia têm como objetivo promover a economia de 10 bilhões de euros até 2026.

A princípio, sindicatos negociavam a aposentadoria antecipada dos trabalhadores, sem demissões, mas Blume afirmou que isso seria “insuficiente para alcançar os ajustes estruturais urgentemente necessários para uma maior competitividade no curto prazo”.

Agora, a empresa fala no possível fechamento das fábricas e no fim do seu programa de segurança de empregos, criado em 1994 para evitar demissões até 2029. Como esperado, o sindicato alemão da categoria está insatisfeito com o rumo das conversas.

Especulações apontam que as plantas de Dresden e Osnabrück serão os alvos do programa de cortes. A primeira concentra a produção do sedã Phaeton e a montagem do elétrico ID.3, enquanto a segunda produz carros como Porsche Boxster, Cayman e T-Roc Cabriolet.

Foto: gerd-harder/Shutterstock

Transição difícil

A Volkswagen afirmou enfrentar dificuldades no processo de transição do motor a combustão para o elétrico de maneira sustentável, assim como as demais montadoras europeias.

“A indústria automotiva europeia está em uma situação muito exigente e séria. A Alemanha, em particular, como local de fabricação, está ficando cada vez mais para trás em termos de competitividade. Nesse ambiente, nós, como empresa, devemos agora agir de forma decisiva”, disse Blume.

A China é o maior mercado para a montadora, mas sua participação lá fica cada vez menor à medida que concorrentes locais lançam carros elétricos acessíveis. Além disso, as marcas chinesas desembarcaram na Europa, onde o governo tem tomado medidas para desacelerar seu avanço por meio de novas tarifas de importação.

O curioso é que o anúncio vem em meio a uma celebração de resultados positivos. No primeiro semestre de 2024, as vendas da VW cresceram 1,9% na comparação com igual período de 2023. A alta foi de 3% nos Estados Unidos e de 15,4% na América do Sul.

você pode gostar também