Cuidado com o que coloca no seu carro: flagrantes de combustíveis batizados com metanol batem recorde em 2023

ANP estima que cerca de 30 milhões de litros de gasolina e de etanol foram adulterados com o metanol no ano passado.

A adulteração de combustíveis continua sendo um problema grave no Brasil. Segundo levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os flagrantes de casos de produtos “batizados” com metanol bateram recorde em 2023.

Para detectar a adulteração, que é quase impossível de ser percebida a olho nu, a agência recolhe amostras nos postos e realiza uma avaliação utilizando reagentes. Quando há metanol na mistura, o produto fica na cor roxa.

O metanol é uma substância utilizada como solvente na indústria química, sendo proibido por lei adicioná-lo à mistura de combustíveis. Ele provoca prejuízos, como a corrosão dos componentes do motor do veículo, o que prejudica seu rendimento e pode até gerar a necessidade de uma retificação.

“Além dos grandes riscos para a saúde que esse produto traz, é um produto que pode causar cegueira e, se um frentista passar na mão, pode inclusive ter problemas químicos na pele. Portanto, não é de forma alguma para ser usado”, explica Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal.

1,5 milhão de veículos afetados

A ANP estima que aproximadamente 30 milhões de litros de gasolina e de etanol foram adulterados em todo o Brasil no ano passado. Com esse volume, é possível realizar o abastecimento médio de 1,5 milhão de carros.

Após a detecção da substância, o posto de combustíveis é interditado para acabar com a prática criminosa. Segundo Ary Bello, coordenador de fiscalização da ANP, a multa pela infração varia de R$ 5 mil a R$ 5 milhões.

Você vê ofertas com preço muito abaixo da média de mercado, desconfie. Peça nota fiscal, porque aí, depois, se acontecer alguma coisa com seu veículo, você pode ir direto às agências com a ANP, no MP”, recomenda Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal.

As investigações começaram porque a agência percebeu um aumento expressivo no volume de importações de metanol em 2023. “Detectamos indícios de que o metanol estava sendo direcionado para indústrias que não possuíam essa capacidade de produção. Portanto, não tinham por que receber tanto metanol, o que apontava para um desvio com o intuito de fraude nos combustíveis”, conta Rodolfo Saboia, diretor-geral da ANP.

O volume de infrações no último ano foi o maior desde o início das fiscalizações pelo órgão, em 2017.

*Com informações do JN.

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