Gasolina com mais etanol: afinal, que vai se beneficiar (e quem vai perder) com isso?

Câmara aprova PL para gasolina ter até 35% de etanol.

A Câmara dos Deputados já aprovou o Projeto de Lei 528/20, que prevê o aumento da mistura de etanol na gasolina, hoje limitada a 27%. Agora, isso vai passar para até 35%, o que permitirá reduzir o preço final da gasolina para o consumidor.

Além disso, a promessa é de redução de emissão de gases poluentes, já que o etanol é um combustível mais limpo. No entanto, a lei ainda não está em vigor, pois precisa passar pelo Senado em nova votação. E, se for aprovada, irá para a sanção do presidente da República.

A aprovação na Câmara dos Deputados aconteceu no dia 13 de março, quando todas as emendas foram rejeitadas. Assim, deverá ser validada na íntegra, caso seja votada favoravelmente pelo Senado.

Quem vai se dar bem
com essa lei?

Primeiramente, há algumas questões importantes com a adição do etanol na gasolina. Como alguns especialistas já apontaram, o etanol é um combustível renovável e sazonal. Dessa maneira, o preço dele vai depender muito da safra naquele momento.

E a mesma situação vale para o biodiesel, que também terá uma mistura maior com o diesel comum. Portanto, em tempos de escassez de plantação de cana-de-açúcar, por exemplo, haverá maior chance de o preço ficar mais alto.

Aliás, isso já acontece em relação ao etanol, que fica sempre mais caro no período de entressafra. Isso ocorre porque, nesse período, as usinas preferem exportar açúcar, o que acaba sendo financeiramente mais compensador.

Com relação ao biodiesel, o preço do produto também pode ficar atrelado ao preço da soja, que por sua vez pode aumentar. Ademais, com o aumento da demanda desses produtos, há sempre a possibilidade de que o produto fique mais caro ao consumidor final.

Algumas empresas
podem sair na frente

Quando a nova mistura de combustível começar a valer, algumas empresas poderão ter mais chances de se dar bem. Por exemplo, é o caso do grupo Raizen, que tem uma integração maior de operações com o etanol e poderá ter maior facilidade.

Por fim, já se cria uma preocupação com os carros mais antigos, que terão mais dificuldades em se adaptar a essa gasolina com mais etanol. Por sua vez, os carros flex, que rodam com os dois tipos de combustível, poderão ter maior facilidade de adaptação.

Enfim, a gasolina com até 35% de etanol ainda vai gerar alguns impactos imprevisíveis no mercado. E, quando começar a valer de fato, será possível ter uma ideia mais clara.

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